Samba Acadêmico Brasil Edição 09 ANO I Dezembro 2016 | Page 32

Desembarcando junto com escravos africanos em nossos portos, veio também o batuque, o som dos tambores na batida forte do ritmo negro e uma dança inicialmente chamada por Semba, que nada mais era do que dançar ao som dos tambores, com motivos desenvolvidos pelo coro e contestados pelos solistas. O Samba surge da mistura de estilos musicais de origem africana e brasileira. O samba é tocado com instrumentos de percussão (tambores, surdos timbau) e acompanhado por violão e cavaquinho (podendo ser acrescentado metais e sopro). Geralmente, as letras de sambas contam a vida e o cotidiano de quem mora nas cidades, com destaque para as populações pobres. Na história fonográfica elegeu-se como seu primeiro registro com a gravação de “Pelo telefone” – Donga e Mauro de Almeida. No entanto muitas controvérsias se acumulam neste sentido, segundo Almirante “Pelo telefone” seria um partido alto cantado no terreiro de “Tia Ciata”, e, portanto seria uma composição popular. Sinhô também teria tentado requisitar para si a autoria deste samba. Entre tantas polêmicas, é certo porem que foram gravados discos de Samba a partir de 1908 em uma série da gravadora Odeon.

Os negros são enviados para todo o território brasileiro, e com eles o batuque e os batuqueiros. Junto, o culto do batuque, da dança, “as giras de batuqueiros” e o sincretismo. As comitivas sempre eram transportadas pela força escrava, e assim o Senhor e família se acomodavam nos bancos das igrejas, e isolados, os negros se reuniam em festas “pagãs” ao som dos tambores e suas cantigas e danças. Com a revolta de 1814 os batuques de negros são proibidos na Bahia e começam a migrar para o Rio de Janeiro. Os escravos no mesmo período também estavam presentes nas lavouras do café no Vale do Paraíba e demais locais do interior o Estado de São Paulo, e assim apareceriam as novas sínteses dessa cultura negra e miscigenada , uma das principais referências civilizatórias da cultura nacional moderna.

O que é, na realidade, Comunidade de Samba?

Há pelo menos duas décadas, final da década de 90, surgem São Paulo pessoas interessadas em pesquisar compositores, interpretes, sambas, a história desta modalidade musical tipicamente brasileira, muitos deles oriundos de Escolas de Samba onde perderam espaço para suas atividades. Tendo consciência das necessidades sociais e culturais das regiões inseridas também passaram a desenvolver trabalhos sociais. A seriedade dos trabalhos desenvolvidos, efetuados com muito carinho e dedicação resultaram em rodas de samba que trazem o Samba ao dia a dia. É comum ouvir musicas de Pixinguinha, Cartola, Vadico, Geraldo Filme, Nelson Cavaquinho, Pé Rachado, Adoniram Barbosa, Ismael Silva, Lupicinio Rodrigues, Paulinho da Viola, e muitos outros monstros da nossa música popular, nestas verdadeiras rodas de samba. E nesta esfera o público é da mais variada faixa etária, inclusive é comum presenciar jovens que passaram a ouvir e cantar sambas de 50, 60, 70 anos ou mais antigos.

Esses encontros também ocupam o papel de veículos para que novos compositores possam cantar os seus sambas ainda inéditos, e já contagia cidades de todo o estado. Muitas Comunidades ganharam destaques nacionais e internacionais. Estima-se que as Comunidades tem um público de 40 mil pessoas/mês.

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Comunidades e Terreiros de Samba

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