Samba Acadêmico Brasil Edição 09 ANO I Dezembro 2016 | Page 13

CD

ondena a ação seletiva da mídia exportando os comportamentos de São Paulo e Rio de Janeiro para outros estados. Defende a regionalização da programação, promovendo as culturas e costumes

.locais como forma de empoderamento cultural. Rescindiu seu contrato com a gravadora Polygram por motivos ideológicos. Não havia aceitação de suas composições, que continham temas sociais. Durante cinco anos não grava nenhum disco, passa a fazer shows e participando ativamente de campanhas políticas dos partidos de oposição. Depois desse período voltou a gravar e, desde então, todos os seus trabalhos possuem uma faixa com uma saudação a um Orixá.Estreia como atriz na novela “Xica da Silva”, da TV Manchete. Interpretou Severina, uma líder de Quilombo. Em 1996 lança seu décimo quinto trabalho “Somos da mesma Tribo”. Fala sobre Diolinda Alves de Souza – líder sem terra, mulheres trabalhadoras e dos meninos de rua. Questões ideológicas fazem o trabalho não ser bem aceito pela mídia. Durante 09 anos foi comentarista dos desfiles de Carnaval. Ao todo são vinte e três Discos até o momento. Sua carreira política propriamente dita começa em 2010 ao filiar-se ao Partido Comunista do Brasil – PC do B. Candidata-se a deputada estadual em São Paulo e é eleita com 85 mil votos, se reelegendo em 2014. Seu mandato se dedica à promoção da igualdade racial, do respeito às religiões de matriz africana e à cultura brasileira, pela inclusão da população negra e indígena, por mais cultura e educação, por saúde de qualidade, pela garantia de direitos dos trabalhadores, da juventude, em especial a pobre e negra, das mulheres e do segmento LGBT. Desenvolve um trabalhado muito empenhado em prol das Comunidades de Samba de São Paulo. Sobre o papel da mulher na sociedade, enfatiza que são mais da metade da população do país e, mesmo assim, a representatividade da mulher é pequena – “As mulheres não empoderam as mulheres” acha isso inacreditável. Complementa dizendo que as mulheres hoje em dia assumem diversas jornadas e é preciso entender que estamos em outro patamar.

eci sempre cantou para as minorias segundo ela própria. Teve músicas censuradas, ficou sem gravar por cinco anos, não pode participar de alguns programas de TV. Foi criticada por

por muitos por entregar uma carta de demissão para a multinacional Polygram. Sobre isso ela enfatiza que não respeitaram a sua arte e pediram para fazer outras composições, fez mesmo: entregou carta de demissão. As músicas censuradas: Zé do Caroço, Assumido e Deixa. Foi bater de porta em porta. Sesc, Funarte, Projeto Pixinguinha. Cantou em todas as cadeias do Rio de Janeiro e em palcos de partidos de esquerda: “Sempre cantei nos palcos das bandeiras vermelhas”. Recebeu convite do Orlando Silva e Netinho de Paula para se candidatar. Não queria, demorou nove meses para responder. Por fim aceitou. Ainda bem. Já tinha o projeto cantado, como ela mesmo enfatiza. Batizou o seu gabinete de “Quilombo da diversidade”. Lembrando a história de Zumbi, que recebia todas as pessoas que lutavam por liberdade. Em 180 anos da Assembleia Legislativa de São Paulo, Leci é a segunda deputada negra da história, a primeira foi Theodosina Ribeiro, nos anos 1970a primeira foi Theodosina Ribeiro nos anos 1960.

As escolas precisam urgentemente reintegrar-se ao Carnaval Carioca, participando ativamente dele a não apenas dos concursos oficiais. Para tanto, recomenda-se:

01)Que as escolas abram mão de prêmios e classificações, que são a causa, as vezes velada, as vezes ostensiva, tanto dos atrasos injustificáveis dos desfiles como das rivalidades entre as agremiações participantes;

02)Que as escolas desistam da apresentação de alegorias em carretas que atravancam as ruas e retardam a marcha, substituindo-as por alegorias que possam ser conduzidas no máximo por uma, duas ou três pessoas;

03)Que as pistas para os desfiles sejam maiores do que os trechos que lhes são atribuídos nas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas;

04)Que as escolas, em vez de se apresentarem apenas no concurso oficial, desfilem também nos bairros onde tenham sede, com maior frequência e regularidade do que já se faz; e, finalmente,

05)Que, como se sugere no capítulo III, se fundam num organismo único a Associação e a Confederação das escolas de samba.

Os prêmios em dinheiro atualmente pagos às escolas vencedoras do concurso seriam, em consequência, distribuídos equitativamente entre as entidades que neles tomam parte, como reconhecimento à unidade da família do samba e à maior participação das escolas no Carnaval carioca, de que são, sem sombra de dúvidas, a maravilha.

Acreditamos que, a esta altura dos acontecimentos, já não procede o argumento de que prêmios e classificações possam constituir um “estímulo”, sem o qual a escola regrediria. Guardiã das melhores tradições do samba, criadora da maior e mais importante associação popular do nosso país, a escola, agora em plena maioridade, já não precisa de “estímulos” dessa ordem para continuar a crescer e desenvolver-se.

A escola deve conquistar – se necessário, por decisão judicial – o de se registrar como “escola de samba”. Com a faculdade de anteceder ou não esse título com a qualificação “grêmio recreativo”.

Revista Samba Acadêmico Dexembro 2016 13