Revista Redescrições | Page 95

95 começa com o chirotopo, o lugar da mão. E o que a mão tem a ver com a gênese do ser humano? A resposta para essa questão fornece uma primeira versão da teoria da ação, uma pragmática elementar. Enfrento, então, o phonotopo, o espaço de sons em que estão os grupos que se ouvem. Este é seguido, então, pelo uterotopo, o espaço ocupado por associações mais profundas de cavernas compartilhadas; o thermotopo, a esfera do calor, ou o espaço onde você é mimado; e o erotopo, o lugar do ciúme e o campo do desejo. (Gostaria de observar que a emergência do ciúme, específico da espécie humana, foi extremamente importante para a gênese dos seres humanos, pois os humanos são animais miméticos que sempre têm observado o que outros humanos fazem, atentamente e ciosamente, de fato, até mesmo imitando aqueles que se comportam com sucesso como se eles não observassem o que os outros estavam fazendo). As próxima s dimensões são o ergotopo, o campo da guerra e do esforço; o thanatotopo, o espaço de coexistência com a morte, em que prevalecem os símbolos religiosos; e finalmente o nomotopo, o espaço das tensões legais que fornecem um grupo com uma espinha dorsal normativa. O teorema da tensegridade de Buckminster Fuller dá um papel importante para isso. Desta teoria geral das ilhas, podemos derivar a cultura moderna do apartamento, pois um apartamento funcionará apenas se for convincente como um mundo-ilha minimamente completo para um indivíduo. Não parece que, até agora, esta descrição contém a definição de residência, do ser humano como um ser residencial? Você deve entender que as casas são, inicialmente, máquinas para matar o tempo. De fato, em uma fazenda primitiva, as pessoas esperam por um evento silencioso nos campos, um que elas não podem influenciar mas que, graças a Deus, acontece regularmente – a saber, o momento em que as sementes plantadas dão frutos. Em outras palavras, as pessoas vivem inicialmente em uma casa porque se apoiam na convicção de que é recompensador aguardar um evento fora da casa. No mundo agrário, a estrutura temporal de residir em casas deve ser entendida em termos de compulsão para esperar. Este tipo de ser-na-casa [being-in-the-house] foi desafiado pela primeira vez no curso da Idade Média, quando no noroeste da Europa, uma cultura urbana mais abrangente havia Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 86/105]