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leva a um problema de projeção. Humanos são animais que gostam de se movimentar,
que mudam de quartos, espaços, até mesmo de elemento no qual vivem. Eles sempre
vivem no “movimento de A para B, e de B para A”, para citar Andy Warhol, e eles são
do modo que são porque sempre carregam consigo, a cada novo espaço, a memória de
um espaço diferente que eles previamente estiveram. Em outras palavras, você não pode
criar um espaço inteiramente neutro e não pode inventar um espaço inteiramente novo;
você sempre gera espaços diferenciais que são equipados (out-fitted) em contraste com
um espaço anterior diferente. O homo sapiens possui um dinamismo projetivo que se
deve ao fato de nossa espécie ser equipada com memória de situações pré-natais.
Estou certo em pensar que esse pré-natalismo é o leitmotif na primeira seção
do seu projeto Esferas, ao qual você intitulou Bolhas?
Esferas I é essencialmente dedicado a elaborar um sólido conceito de
intimidade. Com essa finalidade, desenvolvo um movimento explicitamente regressivo
com o objetivo de abordar o tópico do ser-em (being-in), em marcha à ré (como haveria
se passado). Eu primeiro abordo o fenômeno da interfacialidade. Deixe-me explicar:
caso as pessoas se olhem entre si, surge um espaço não trivial, que não pode ser
construído em termos físicos ou geométricos – o espaço interfacial. Aqui, não ajuda
mesmo se eu me sirvo de uma fita métrica para determinar a distância entre a ponta do
meu nariz e o seu nariz. A relação interfacial cria uma relação espacial de fato única. Eu
descrevo a última em termos de uma interfacialidade mãe/criança, algo que podemos
estudar no reino animal também. Em meu próximo passo, tento inter-pretar (inter-pret)
as imagens das relações inter-cordais (inter-cordial) que emergem quando as pessoas
estão ligadas umas as outras de modo tão efetivo que d