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temáticos e arquiteturas de eventos. A arquitetura anuncia a abolição do mundo externo.
Ela abole mercados de fora e os traz para dentro, para uma esfera fechada. Os tipos
espaciais antagonistas do salão e do mercado formam um híbrido. Isto é o que Benjamin
considerou tão intelectualmente excitante: o cidadão do séc. XIX procura expandir sua
sala de estar para um cosmos e, ao mesmo tempo, imprimir a forma dogmática de um
quarto ao universo. Isso provoca uma tendência que é aperfeiçoada no design de
apartamentos do séc. XX, bem como no design de shoppings e estádios – esses são os
três paradigmas da moderna construção, isto é, a construção de microinteriores e
macrointeriores.
Le Corbusier uma vez disse que tínhamos que escolher entre revolução e
arquitetura. Ele optou pela arquitetura. Em sua interpretação, isso significa que
ele votou pela explicação de condições residenciais?
Revolução é simplesmente a palavra errada escolhida para descrever explicação.
Um engenheiro sempre opta pela melhor tecnologia. Tudo que é bem-sucedido é
operacional, enquanto que fases revolucionárias não chegam a lugar algum, durante o
tempo em que não contiverem habilidades potenciais reais. Esse é o motivo pelo qual
ninguém pergunta hoje que programa está sendo anunciado, mas que programa está
sendo escrito. A escrita é um arquétipo da habilidade: a invenção da escrita marca o
início da subversão operacional do mundo como ele existe. Apenas ela é efetiva em
popularizar modos novos de lidar com as coisas. Incidentalmente, os apartamentos
modernos estão cheios de eletrodomésticos técnicos que explicam a vida no lar. As
ferramentas atuais não mais possuem mãos, porque as mãos pertencem a um passado
fora de moda, entregues a aparelhos com botões: chegamos ao mundo de operações de
ponta de dedo.
Para retornar a Benjamin: em que medida devemos ler essa referência aos
interiores maiores como uma explicação para o capitalismo?
Assim como Freud tentou explicitar os sonhos, Benjamin propôs um tipo de
interpretação onírica do capitalismo. Meu trabalho explicativo se refere ao dinamismo
espacial de nosso estar-no-mundo. Eu quero mostrar como toda forma de espaço criado
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 86/105]