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encontrar um vocabulário capaz de estender nossa visão de “nós” a toda realidade que
percebíamos como sendo estranha a nós. Portanto, tais conhecimentos possibilitam superar as
diferenças através do encontro com os diferentes. Assim, a literatura tem o poder de
redimensionar nossas respostas, revendo nossa sensibilidade a tudo o que é diferente,
percebendo as peculiaridades da vida humana de tal maneira que possamos ver o outro como
um de nós, lendo, redescrevendo e “sendo”.
LITERATURA E CONTINGÊNCIA E ORIGINALIDADE
Através da literatura, busca-se um caminho no qual, volta-se o olhar para as
capacidades humanas como sendo humanas, e quando ele fala da vontade de poder percebe-se
a necessidade de autocriação que é própria de cada ser humano, na busca de recusar a
influência de um Deus supramundano. A literatura contribui para lidar com a multiplicidade
de concepções, num mundo fragmentado. Schopenhauer
Podemos ancorar tal reflexão na argumentação de Schopenhauer (SCHOPENHAUER,
2012, p.31). Quando ele diz que “...a verdadeira formação para a humanidade exige
universalidade e uma visão geral; (...) precisa reunir em sua cabeça as extremidades mais
afastadas da vontade humana.
Nesse sentido o literato não pode ser superficial e meramente um especialista:
Também é possível co mparar o especialista com u m ho mem que mora em sua casa
própria, mas nunca sai dela. Na casa, ele conhece tudo com exatidão, cada degrau,
cada canto e cada viga, como, por exemplo o Quasímodo de Victor Hugo conhece a
catedral de Notre-Dame, mas fora desse lugar tudo lhe é estranho e desconhecido.
(SCHOPENHAUER, 2012, p.31).
Segundo o filósofo Schopenhauer, a peruca pode nos ajudar a entender a postura de
alguns educadores. Assim, como uma bela peruca, o pensamentos de alguns educadores
também o são. São belos, mas não são seus! Com isso temos uma postura de alguns
educadores que se resumem em
... ensinar e escrever coisas em que na verdade não acredita, rastejar, adular, tomar
partidos e fazer camaradagens, levar em consideração ministros, gente importante,
colegas, estudantes, livreiros, crít icos, em resumo, qualquer coisa é melhor do que
dizer a verdade e contribuir para o trabalho dos outros... (SCHOPENHA UER, 2012,
p.27).
Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 70/78]