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intelectual. Essa nova proposta também foi apresentada por Wittgeinstein, James e Dewey,
buscando uma nova autoimagem do ser humano e de mundo. Essa capacidade de, em
primeiro lugar, redescrever-se, passa pela capacidade de duvidar se si mesmo, de estar sempre
fazendo e refazendo a si mesmo. Isso nos leva a pensar a proposta de Rorty como um projeto,
pelo qual os vocabulários disponíveis são sempre passíveis de mudanças e adaptações. Ao
analisarmos o conceito de contingência de Richard Rorty, deparamo-nos uma argumentação
que nos oferece a noção no qual “A verdade não pode ser dada.” (RORTY, 2007, p. 28). O
autor não busca uma verdade já existente, mas uma utopia que leve o ser humano a estar
sempre se redescobrindo. Verdade é apenas uma palavra- função da nossa linguagem, uma
propriedade de entidades linguísticas chamadas frases. Portanto, quando interpretamos a
realidade podemos redescobri- la, e a perspectiva linguística pode realizar tal tarefa. Por isso é
necessário alargar nosso vocabulário, uma vez que, diante de uma realidade tão vasta a
escrita e a reflexão propõe compreender o mundo e a si mesmo:
As pessoas escrevem a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão
com os outros, para denunciar aquilo que machucava e compart ilhar o que traz
alegria. As pessoas escrevem contra sua própria solidão e a solidão dos demais
porque supõem que a literatura transmite conhecimentos, age sobre a linguagem e a
conduta de quem a recebe, e nos ajuda a nos conhecermos melhor, para nos
salvarmos juntos. Em realidade, a gente escreve para as pessoas com cuja sorte ou
má sorte se sente identificado: os que comem mal, os que dormem pouco, os
rebeldes e humilhados desta terra; que em geral nem sabem ler 1
Conhecer é o primeiro passo necessário para começar a mudar qualquer realidade,
afinal,
não existe experiência de mudança social e política que não tenha que trilhar os
caminhos passando pelo aprofundamento da consciência sobre realidade. Neste sentido, a
literatura promove a possibilidade de uma nova percepção da realidade, que diante de
problemas sociais, políticos econômicos, serve como ferramenta na busca de um mundo novo.
Isso ocorre porque a experiência de contato com diversos autores e suas linguagens, atua
sobre a consciência incentivando a criatividade e desenvolvendo horizontes de possibilidades.
Tal ideia é abrangente, e diz respeito a todo tipo de mensagem que leve o individuo para
dentro e para fora de si, longe do “status quo”, não aceitando a realidade de maneira passiva.
Por isso temos o que Rorty chamaria de “O Declínio da Verdade Redentora e a Ascensão da
Cultura Literária”.
1
GA LEANO, Eduardo, In: Vo zes e crônicas. São Pau lo: Global/ Versus, 1978)
Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 70/78]