Revista Redescrições | Page 63

63 estético, mas algo que pode ser comprovado, talvez, através de documentos. Essa pessoa pode não estar em condições de fundamentar claramente o seu juízo. – Mas não da mesma maneira co mo aprendemos a calcular. Precisaria de u ma longa experiência. Quer dizer, o aprendiz teria, talvez, de observar e comparar repetidamente u ma série de quadros de diferentes mestres. Com isso podíamos darlhe indicações. Bo m, isto era o processo de aprendizagem. Ele observava então um quadro e emit ia u m juízo. Podia, na maio ria das vezes apresentar razões para o seu juízo, mas, na maioria das vezes, não seriam elas que seriam convincentes. (WITTGENSTEIN, 2010, p. 34) É possível ensinar a esculpir, mas não da mesma maneira como se ensina a resolver um problema em matemática. Os enigmas estéticos dizem respeito às impressões que uma obra artística provoca, o que não pode ser solucionado por meio de uma regra de causalidade. “O problema para o qual se quer encontrar uma solução satisfatória, tal como os problemas da vida, não é resolvido através de modelos mecânicos ou científicos” (CRESPO, 2011, p. 306). A impossibilidade, nessa área, por parte da ciência em dar respostas satisfatórias, já fora constatada de forma saliente no Tractatus, mas é também reforçada posteriormente: “uma explicação estética não é uma explicação causal” (WITTGENSTEIN, 1966, p. 39). Marrades destaca a posição de Wittgenstein ao considerar que talvez o traço mais conspícuo da estética no pensamento de Wittgenstein é sua irredutibilidade ao científico. Esta contraposição pode concretizar -se de diferentes maneiras. No Tractatusse materializa