Revista Redescrições | Page 57

57 Keywords: Aspects. Gesture. Aesthetics. Look. Transformation. Introdução No Tractatus, o estético surge indiretamente, rompendo de maneira surpreendente dentro do aforismo 6.421, em que identifica ética e estética como sendo um (WITTGENSTEIN, 2010); em seguida, a única coisa que resta é o silêncio. Trata-se de um dado que não permite concluir qual seja a definição de ética e de estética, mas que, ao menos, permite realizar algumas transições entre o bem e o belo e ver que ambas, além de pertencer ao domínio do inefável, dizem respeito a outra forma de relação com o mundo, o que permite considerar que no Tractatus o ponto de vista estético corresponde a um excesso relativamente ao que pode ser dito e pensado: por isso é sem-sentido. Aqui a estética está ligada a uma deslocação sentimental que o sujeito realiza relativamente ao modelo lógico da representação expresso pelo Tractatus. (CRESPO, 2011, p. 221) Em todo o caso, vale lembrar que o próprio Wittgenstein reconhece que a maneira como o Tractatus trata de temas como o místico, a ética e a estética, viola o imperativo do silêncio. Por diversas vezes, ao longo de sua vida, penitencia-se pelos abusos que cometeu e pede que seja compreendido pelos seus leitores. O que ele deseja expressar é, justamente, o mais elevado, ou seja, aquilo que escapa à expressão. Mas, como nada disso pode ser posto em palavras, cabe ao leitor procurar fora do livro, no silêncio de Wittgenstein, a parte mais importante dessa obra 1 . O ponto principal é a teoria do que pode s er expresso (gesagt) por proposições – isto é, pela linguagem – (e, o que vem a ser o mes mo, o que pode ser pensado) e o que não pode ser expresso por proposições mas apenas mostrado (gezeigt); este, a meu ver, é o problema cardinal da filosofia. (M ONK, 1995, p. 157) Em resumo, o Tractatus impede os impulsos da razão para romper os l