53
Diferentemente da filosofia tradicional, nas descobertas científicas os processos
de reajustamento favorecem novos raciocínios e novos cálculos, e nem por um
momento os cientistas pensam em depreciar as características da experiência primária,
como fizeram frequentemente os filósofos. Com base nessa ideia, Dewey afirma: “o
material do método científico é contínuo com o mundo concretamente experienciado” 65 .
Entretanto, quando os filósofos transportam para as suas teorias as condições refinadas
da ciência, os resultados são empregados não para iluminar objetos antigos da
experiência, mas sim para lançar descrédito sobre estes e para originar novos e
artificiais problemas relativos à realidade e à validade da experiência não refletida 66 . O
que o método empírico requer da filosofia é que ela esteja conectada com a experiência
primária e que os métodos refinados retornem à mesma.
Conclusão
Uma epistemologia naturalista não pode prescindir do método empírico, este
será exigido por ser, conforme Dewey, o único capaz de fazer justiça ao investigar a
experiência. Dewey acredita que só ele toma a experiência como uma unidade integrada
enquanto ponto de partida para o pensamento filosófico. A unidade entre a ciência e a
filosofia possibilitará, conforme Dewey, a ruptura com as explicações abstratas sobre o
eterno e imutável, o verdadeiro ser, e no seu lugar permitirá o surgimento de hipóteses
explicativas sobre a experiência real dos homens. O objetivo será realizar, no campo da
filosofia, pesquisas em prol do desenvolvimento, na esfera dos problemas humanos, na
esfera da vida moral, com o mesmo sucesso que lograram os cientistas no campo da
indagação científica.
As normas da ciência serão incorporadas à vida democrática. Para Dewey, o
ideal experimental e o comportamento democrático se fundem. Assim, ele combina as
virtudes morais com as intelectuais. O investigador experimental tem em vista o
comportamento democrático, com liberdade de expressão, participação, cooperação, de
maneira que, suas pesquisas sirvam como instrumentos de ação do homem no mundo,
contribuindo para o desenvolvimento de uma experiência mais qualificada. Portanto,
para Dewey, a mentalidade científica é uma ferramenta para uso social.
Por fim, para Dewey, a filosofia por essa visada científica adotará um método
que, em primeiro lugar, nos impedirá, de criar problemas artificiais que desviem a
65
66
DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 25.
DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 25-26.
Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 30/55]