Revista Redescrições | Page 52

52 dualismos” os quais, desde Descartes até hoje, dominam a maneira pela qual os problemas filosóficos são formulados 62 . Conforme Dewey, a inadequada compreensão do processo de conhecer deriva do não reconhecimento da qualidade primária e final da experiência bruta. Essa qualidade da experiência bruta é primária enquanto se apresenta de modo não controlado; ela é final enquanto oferecida de um modo mais controlado e significativo 63 . O não reconhecimento dessa qualidade primária e final se tornou possível por meio dos procedimentos e produtos de uma determinada experiência reflexiva. Em sua argumentação a respeito das consequências da descoberta cartesiana dos objetos subjetivos para a filosofia, Dewey alega que, na vida real, tal descoberta constituiu um importante fator na libertação dos seres humanos, mas, no que diz respeito à reflexão filosófica, os efeitos foram negativos. A partir dessa descoberta, posturas mentais e maneiras de experienciar foram tratadas como autossuficientes e completas, como originárias ou como constituindo os únicos dados confiáveis e, portanto, indubitáveis. Dewey argumenta que o predomínio do subjetivismo em filosofia promoveu o desmembramento da unidade da experiência em sua originalidade constitutiva. Isso levou à separação entre o pensamento e a ação, a teoria e a prática, a reflexão e a ação, o ser e o existir. Nas palavras de Dewey: [...]This the traits of genuine primary experience, in which natural things are determining factors in production of all change, were regarded either as not given dubious things that could be reached only by endowing the only certain thing, the mental, with some miraculous power, or else were denied all existence save as complexes of mental states, of impressions, sensations, feelings 64 . Para Dewey, é inegável que o avanço das ciências foi uma das maiores conquistas da espécie humana. No entanto, a aplicação do método empíri