Revista Redescrições | Page 51

51 A experiência não admite divisão entre ato e matéria, sujeito e objeto, coisa e pensamento, pois todos envolvem unidades, são conexões. Vida denota função e atividade compreensiva, na qual organismo e ambiência acham-se incluídos. A história compreende as proezas realizadas, as tragédias sofridas, o comentário humano, o registro, a interpretação. Tanto a vida quanto a história incluem objetos biológicos, fisiológicos, geográficos, naturais, sociais. Essa unidade integrada deve ser o ponto de partida para o pensamento filosófico 59 . Portanto, os atributos da vida e da história, objetos e pensamento se encontram no mesmo contexto. Vida e história incluem aquilo que os homens fazem, suas vivências, o que eles se esforçam por conseguir, o que amam, creem, suportam e, também como homens, o que produzem com suas ações e sofrem com as ações dos outros. Isso inclui também as maneiras pelas quais padecem, desejam e desfrutam, veem, creem, imaginam etc 60 . Uma reflexão sobre as nossas crenças nos leva às experiências a partir das quais se originaram. A diversidade de nossas crenças afeta tremendamente nossas novas crenças e antecipações da experiência. Essa diversidade é determinada por fatores sociais. Então descobrimos que cremos em muitas coisas, não porque as coisas são assim, mas porque nos tornamos habituados a pensar dessa maneira, por diversos motivos: elas provêm ou do peso da autoridade, ou da imitação, ou do prestígio, ou da instrução, ou do efeito inconsciente da linguagem. Aprendemos, por exemplo, que as qualidades que atribuímos aos objetos devem ser imputadas às nossas próprias maneiras de ter experiência deles, e que estas, por sua vez, se devem à força das interconexões sociais e do costume 61 . Se considerarmos nossas maneiras pessoais de crer, veremos a extensão em que essas maneiras são estabelecidas pela tradição e pelos costumes. Ocorre que a ausência de um método empírico levou ao isolamento dos objetos em relação a sua origem e a seu uso instrumental. Aplicando essa abordagem à investigação psicológica, os objetos ligados à experiência interna foram concebidos como constituindo um mundo mental isolado e separado, em si, autossuficiente e fechado em si mesmo. Essa trajetória do “psicológico” vai coincidir com outra perspectiva, qual seja: aquela que toma os objetos físicos como completos e fechados em si próprios. Isso resulto u nas “ninhadas de 59 DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 06. DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 06. 61 DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 10. 60 Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 30/55]