Revista Redescrições | Page 49

49 them a content from Locke’s simp le ideas, wh ich had in the meantime become part of the stock in trade of psychological science 52. Dewey concordaria em dizer que, diferentemente de Descartes, temos hoje uma boa ciência à qual podemos recorrer. Dewey poderia também concordar em que os empreendimentos científicos se divorciaram da filosofia. A filosofia, como ele revela, “comerciou” com a ciência, mas seu problema não reside no excesso de teorização e sim no uso das conclusões científicas sem relacioná- las com os objetos empíricos. Dewey não postula para a filosofia tarefas fora da área de jurisdição dessa disciplina. Ele discorre sobre a divisão entre filosofia e ciência, mostrando que, tradicionalmente, sustentava-se que as ciências eram produtos de investigação empírica, enquanto a filosofia era exercida a priori. Ocorre que, em meio às grandes transformações ocorridas no seio da sociedade e às grandes contribuições advindas do desenvolvimento científico, é contraditório manter a filosofia fora desse domínio. Como já reiteramos, o problema consiste no grande vício da filosofia que é a manutenção de um “intelectualismo” arbitrário. Esta constatação faz com que Dewey observe o favorecimento dos objetos cognitivos em detrimento de outros traços que despertam desejo, que provocam ação e produzem paixão. É como se essas qualidades da vida não tivessem realidade e que, portanto, não aparecessem na investigação científica. Dewey salienta que é preciso atacar a noção de que há um acesso privado à verdade, de que algumas partes da experiência são intrínsecamente mais privilegiadas que outras. Assim, declara que elas não têm realidades inquestioná veis como as que são atribuídas às propriedades matemáticas, mecânicas ou eletromagnéticas 53 . Dewey enfatiza que The only way to avoid a sharp separation between the mind which is the centre of the processes of experiencing and the natural world which is experienced is to acknowledge that all modes of experiencing are ways in which some genuine traits of nature come to man ifest realization 54 . O método empírico aplicado à filosofia visa recolher inicialmente os objetos grosseiros, macroscópicos e rudes da experiência primária, tendo em vista a sua reformulação a partir de uma experiência mais refinada, a secundária, cujo processo consiste numa reflexão contínua e dirigida. Desse modo, tanto os objetos da ciência 52 DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p. 34. DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p.25. 54 DEW EY, John. Experience and Nature. New Yo rk: Dover Publications, Inc., 1958, p.24. 53 Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 30/55]