Revista Redescrições | Page 43

43 quaisquer outras palavras e ideias que sejam utilizadas), são separados e interdependentes” 34 . Entretanto, o que se verifica é a constante tentação da filosofia, como sua história demonstra, em considerar que os resultados da reflexão secundária possuem em si e por si próprios uma realidade superior à da matéria de qualquer outra experiência. Como afirmamos, essa assunção da filosofia como pertencente à ordem das questões espirituais é tão profunda que geralmente é tomada como ponto pacífico, como algo que não precisa nem ser discutido. Conforme Dewey, um exemplo disso encontra-se na doutrina cartesiana e também em Espinosa, [...] That emotion as well as sense is but confused thought which when it becomes clear and definite or reaches its goal is cognition. That esthetic and moral experience, that poetry may have a metaphysical import as well as science, is rarely affirmed, and when it is asserted, the statement is likely to be meant in some mystical or esoteric sense rather than in a straightforward everyday sense35 . Com base na adoção do método não empírico, a filosofia tradicional fica sem saída no momento de enfrentar o problema de como é possível o conhecimento; de como um mundo externo pode afetar uma mente interna; de como os processos mentais podem atingir e apreender objetos definidos em oposição a eles, ou seja, em termos cartesianos, de como é possível que a substância pensante (res cogitans) possa apreender algo distinto dela, uma antítese dela, ou seja, a substância extensa (res extensa). A partir daí, Dewey revela como o filósofo racionalista, ao enfrentar o problema mencionado acima, fica em uma situação embaraçosa, pois suas premissas tornam o fato do conhecimento algo não natural e não empírico. Assim agindo, os filósofos tradicionais reduzem a totalidade da realidade a seus aspectos particulares. Por exemplo, um pensador transforma-se em materialista metafísico quando denega realidade ao mental, outro se converte ao idealismo psicológico quando sustenta que a matéria e a força são apenas eventos psíquicos disfarçados. As soluções para uma relação satisfatória entre a consciência e o mundo são abandonadas, a busca pelas mesmas torna-se uma tarefa sem esperança ou então resulta em escolas diversas que amontoam 34 35 DEW EY, John. Experience and Nature. New York: Dover Publications, Inc., 1958, p. 28. DEW EY, John. Experience and Nature. New York: Dover Publications, Inc., 1958, p. 19. Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 30/55]