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violentos e que não cessam de acontecer. Quero apontar algumas notícias escabrosas
publicadas na internet.
Pelo menos 400 mulheres foram brutalmente assassinadas na década passada,
em Ciudad Juárez, na fronteira do México com os EUA, por exemplo. Em 2008, mais
de 700 mulheres foram assassinadas na Guatemala. Muitos desses assas sinatos foram
precedidos por abuso sexual brutal e tortura. Outra notícia que impacta e revolta:
Estupro coletivo e enforcamento de adolescentes gera indignação na Índia. A saga dos
horrores prossegue: Um homem de 26 anos foi preso na noite de terça-feira, em
Goiânia , sob suspeita de cometer uma série de assassinatos de mulheres na cidade desde
o início do ano. A partir de janeiro, 15 vítimas, com idades entre 13 e 29 anos, foram
mortas a tiros por um motociclista, com rosto coberto por capacete, que em geral nada
roubou.
Mulher tem as nádegas decepadas- No dia 19 de agosto, há quase dois meses,
uma brutalidade aconteceu no município de Anápolis em Goiás (50 km da Capital
Goianiese) que chocou toda população e os profissionais da saúde que receberam a
jovem nessa situação. A mulher de 20 anos ainda por motivos desconhecidos teve toda a
região glútea arrancada por um facão”. Essas notícias mostram o abismo cada vez maior
entre homens e mulheres permeados por essa violência pós-colonial. Fica a questão: o
que fazer? Como mudar essa situação de barbárie?
Para finalizar a minha proposta nesse artigo gostaria de trazer fragmentos de
uma entrevista do
projeto: AS
POLÍTICAS PÚBLICAS
EM GOIÁS NA
EFETIVAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA do qual fiz parte e fui designada para
realizar entrevistas com mulheres que tinham pedido medidas protetivas. Entrevistei
Laura e ela me contou a seguinte história:
(...) o que eu passei...desde quando eu namorava com ele, (...), me batia... às
vezes ele chegava, cansado... do serviço cansado, aí ele v irava pra mim,
ah...você não arrumou a casa até agora e eu tava terminando de arrumar a
casa, me jogava no chão e começava a me batê, entendeu? (...) ele gritava
comigo e me chamava de vagabunda, eu não pudia falá nada, na hora que ele
me chamava de vagabunda, se eu gritasse com ele, porque assim...às vezes a
gente fica tão nervosa, que a gente grita, no que eu gritasse ele vinha pra
cima de mim, me batê, me dá murro sabe? Fui várias vezes fazê o exame de
corpo de delito, das agressões...”
Com todas as transformações que nossa sociedade vem passando em termos
sociais, econômicos e tecnológicos as relações entre homens e mulheres não mudam
nesse contexto pós-colonial. A tradição do pensamento subalterno afeta principalmente
Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 19/26]