Revista Redescrições | Page 23

23 violentos e que não cessam de acontecer. Quero apontar algumas notícias escabrosas publicadas na internet. Pelo menos 400 mulheres foram brutalmente assassinadas na década passada, em Ciudad Juárez, na fronteira do México com os EUA, por exemplo. Em 2008, mais de 700 mulheres foram assassinadas na Guatemala. Muitos desses assas sinatos foram precedidos por abuso sexual brutal e tortura. Outra notícia que impacta e revolta: Estupro coletivo e enforcamento de adolescentes gera indignação na Índia. A saga dos horrores prossegue: Um homem de 26 anos foi preso na noite de terça-feira, em Goiânia , sob suspeita de cometer uma série de assassinatos de mulheres na cidade desde o início do ano. A partir de janeiro, 15 vítimas, com idades entre 13 e 29 anos, foram mortas a tiros por um motociclista, com rosto coberto por capacete, que em geral nada roubou. Mulher tem as nádegas decepadas- No dia 19 de agosto, há quase dois meses, uma brutalidade aconteceu no município de Anápolis em Goiás (50 km da Capital Goianiese) que chocou toda população e os profissionais da saúde que receberam a jovem nessa situação. A mulher de 20 anos ainda por motivos desconhecidos teve toda a região glútea arrancada por um facão”. Essas notícias mostram o abismo cada vez maior entre homens e mulheres permeados por essa violência pós-colonial. Fica a questão: o que fazer? Como mudar essa situação de barbárie? Para finalizar a minha proposta nesse artigo gostaria de trazer fragmentos de uma entrevista do projeto: AS POLÍTICAS PÚBLICAS EM GOIÁS NA EFETIVAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA do qual fiz parte e fui designada para realizar entrevistas com mulheres que tinham pedido medidas protetivas. Entrevistei Laura e ela me contou a seguinte história: (...) o que eu passei...desde quando eu namorava com ele, (...), me batia... às vezes ele chegava, cansado... do serviço cansado, aí ele v irava pra mim, ah...você não arrumou a casa até agora e eu tava terminando de arrumar a casa, me jogava no chão e começava a me batê, entendeu? (...) ele gritava comigo e me chamava de vagabunda, eu não pudia falá nada, na hora que ele me chamava de vagabunda, se eu gritasse com ele, porque assim...às vezes a gente fica tão nervosa, que a gente grita, no que eu gritasse ele vinha pra cima de mim, me batê, me dá murro sabe? Fui várias vezes fazê o exame de corpo de delito, das agressões...” Com todas as transformações que nossa sociedade vem passando em termos sociais, econômicos e tecnológicos as relações entre homens e mulheres não mudam nesse contexto pós-colonial. A tradição do pensamento subalterno afeta principalmente Redescrições - Revista online do GT de Prag matis mo, ano VI, nº 1, 2015 [p. 19/26]