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caso, a contabilidade do olho-por-lho é abandonada e substituída por uma economia
“trans-capitalista” de generosidade e doação. Empreender uma mudança do modo de
vingança para o de perdão permite também reverter a perspectiva, passando-se de um
ponto de vista orientado ao passado para um ponto de vista orientado ao futuro. (2005b,
p 53).
Baseado nessas considerações, em termos gerais, Sloterdijk caracteriza o político
dentro de uma esfera da seguinte maneira (2005b, p. 36):
• Grupos políticos são assembleias sob pressão thymótica endógena;
• Ações políticas são resultados de diferenças em pressões thymóticas dentro e
fora de esferas;
• Campos políticos são formados pelo pluralismo espontâneo de forças
autoafirmadoras. Eles mudam suas relações entre si de acordo com uma fricção
inter-thymótica;
• Opiniões políticas resultam de operações simbólicas impulsionadas pelos
recursos thymóticos de um coletivo;
• Retórica – a arte de manipulação emocional de uma assembleia política – é a
ciência aplicada do thymos;
• Lutas por poder dentro de um corpo político são sempre também motivadas por
considerações thymóticas dos protagonistas e de seus seguidores. Para evitar
total desestabilização, mecanismos para remediar os perdedores precisam
funcionar.
Na primeira seção deste artigo, concluímos que Sloterdijk concebe comunidades
como esferas humanas com um específico e favorável clima. Podemos agora adicionar a
essa definição que o clima dessa esfera depende do jogo entre duas forças
psicodinâmicas: eros e thymos (1999, p. 1010). Administrar eros e thymos é uma tarefa
complexa, já que eles precisam permanecer separados e juntos em equilíbrio. Somente
nessas circunstâncias, uma esfera pode ser preservada. Os habitantes continuam a ser
protegidos contra hostilidades do lado de fora e enfrentam condições favoráveis que os
permitem evoluir em direção a maiores complexidades.
É nesse ponto que Sloterdijk introduz o conceito de imunização. Para especificar
a função das esferas, ele argumenta que elas são veículos de aprendizado, produzindo
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 90 a 110]