Revista Redescrições | Page 97

97 sobrevivência do coletivo é defendida como objetivo fundamental; 7. Alethotopo (ou mnemotopo): cada esfera humana tem sua própria referência à verdade, seus modos próprios de processar experiência e falsificar informação para criar memórias. A manutenção de verdades e memórias específicas determina a dimensão alethotópica do clima de uma esfera; 8. Thanatotopo (ou theotópica, iconotópica): como uma extensão da alethotópica, a thanatotópica é a dimensão da esfera humana que hospeda os mortos, ancestrais, fantasmas e deuses. Essa dimensão o que está além da esfera, porém é considerada parte dela; 9. Nomotopo: essa dimensão denomina o conjunto de regras implícitas e explícitas que estruturam a interação dos indivíduos dentro da esfera. A aderência a esses princípios é motivada por experiências mútuas de coerção. Sloterdijk conceitualiza a esfera humana como uma estufa de nove dimensões na qual os seres humanos são capazes de sobreviver e consequentemente podem desenvolver complexidades além das suas heranças animais. Cada uma das nove dimensões pode atingir diferentes graus de implicitude e explicitude. Fazer explícita uma dimensão – em outras palavras, formular uma teoria a seu respeito – requer um mecanismo de compromisso, já que os membros da esfera precisam concordar qual teoria eles estimam apropriada. Enquanto teorias podem ser ferramentas para acentuar anda mais a performance de uma esfera, elas também representam perigo, já que o processo de explicitar um ingrediente implica o questionamento do até então não questionado e assenta potenciais conflitos (2004, p. 496). Para o propósito deste artigo, podemos sintetizar e dizer que Sloterdijk concebe comunidades como esferas humanas. Comunidades sloterdijkeanas são definidas por nove dimensões que formam juntas um clima específico. Um indivíduo por si só não é capaz de sobreviver. Ele depende de ser parte de uma esfera povoada por outros. O ponto de partida ontológico de Sloterdijk é, portanto, impensável sem o outro, já que é a forma colaborativa do outro que fornece uma influência positiva para o clima dentro de uma esfera. Política de eros e thymos Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 90 a 110]