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dimensões, que juntas caracterizam o clima das esferas humanas (2004, p. 362):
1. Chirotopo: essa dimensão se refere ao mundo da mão. A emergência da mão
humana, capaz de manipular seu entorno, transforma a esfera humana não
somente através de interferências específicas feitas por seres humanos, mas
também muda a percepção do entorno pelos seres humanos, já que eles
começam a entender que sua esfera é, na verdade, modelável e, pelo menos,
parcialmente resultado de suas presenças;
2. Phonotopo (ou logotopo): qualquer esfera humana tem uma dimensão sônica. Os
sons produzidos pelas vozes e por outros instrumentos humanos criam uma
esfera acústica que promove um senso de pertencimento e de identidade. Quanto
mais diferenciados são os sons humanos, maior a complexidade de comunicação
entre os membros de uma esfera humana;
3. Uterotopo (ou hysterotopo): como mencionado acima, as esferas são sempre
concebidas como extensões do útero materno. A dimensão do uterotopo se refere
às qualidades de uma esfera que produz um senso de proveniência de um mesmo
lugar, possui ndo a mesma origem;
4. Thermotopo: o thermotopo denomina a dimensão confortável de uma esfera. Ser
parte de uma esfera implica ter acesso a vantagens que permitem ou acentuam a
sobrevivência de habitantes da esfera;
5. Erotopo: o fato de diferentes indivíduos formarem uma esfera não implica que a
relação entre eles seja homogênea e sem dinâmica. Ao contrário, há uma vívida
interação entre esses indivíduos, cujas aprovações e desaprovações de outros
membros individuais é constantemente comunicada e calibrada. Essas interações
contribuem para a aclimatação erótica de uma esfera. Na seção seguinte, essa
dimensão será diferenciada em componentes eróticos e thymóticos
6. Ergotopo (ou phalotopo): não há esfera humana sem propósito. Para servi-lo,
alguma autoridade é requerida para fortalecer a função da esfera. A função mais
básica de qualquer esfera é assegurar sua sobrevivência, mantendo um certo
clima. Essa mantença é primeiro alcançada balanceando-se forças internas e,
segundo, contrabalanceando ameaças ao clima interno decorrente de influências
externas. A ação contrabalanceadora mais extrema é o serviço militar, em que a
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 90 a 110]