Revista Redescrições | Page 88

88 E que tipo de homem é esse? por que nos atacaria? por que atacaria a nós? por que não apenas o alucinado? por que não apenas aquele que o acompanha?, seriam perguntas relevantes a caminho de um tratamento aprofundado do sujeito que alucina (contanto que não seja exigido do alucinado conformar-se às condições epistêmicas ditadas por um sujeito racional, sensato e abstrato). Receamos, com essas alusões rápidas, fazer do traçado de nossa linha da loucura algo que tão somente aceitaria as teorias psicanalíticas como esperta alternativa ao problema da significação de um delírio, do sentido de uma alucinação, o que seria bem simplório. Não há tempo agora tampouco espaço para iniciar uma exposição que trouxesse as contribuições psicanalíticas no campo do sentido e da significação das psicoses, e mais importante, de que maneira uma filosofia da linguagem lidaria com este campo assim montado. Entretanto, gostaríamos de concluir de maneira a reunir o que dissemos neste texto. Dizíamos de um hábito, que em Evans se nos mostrou patente, de se propôr enunciados codificáveis por uma lógica-matemática. Ora, esse aparato técnico oriundo da lógica-matemática e elaborado pela filosofia analítica, para sobreviver à força de linguagem e de pensamento que os loucos produzem, teria de passar por profundas e violentas transformações. É um problema de linguagem que Evans parece ignorar, e mesmo até com certo desdém, inda que sua polidez lhe possa valer como desculpa. Não mais a figura de um sujeito racional e supostamente confiável como garantia de validez dos argumentos, sendo ele alguém competente para pronunciar distintamente uma língua e entendê-la segundo a norma gramatical, ou segundo uma máquina abstrata e universal, majoritária e domina