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E que tipo de homem é esse? por que nos atacaria? por que atacaria a nós? por que não
apenas o alucinado? por que não apenas aquele que o acompanha?, seriam perguntas
relevantes a caminho de um tratamento aprofundado do sujeito que alucina (contanto
que não seja exigido do alucinado conformar-se às condições epistêmicas ditadas por
um sujeito racional, sensato e abstrato).
Receamos, com essas alusões rápidas, fazer do traçado de nossa linha da loucura
algo que tão somente aceitaria as teorias psicanalíticas como esperta alternativa ao
problema da significação de um delírio, do sentido de uma alucinação, o que seria bem
simplório. Não há tempo agora tampouco espaço para iniciar uma exposição que
trouxesse as contribuições psicanalíticas no campo do sentido e da significação das
psicoses, e mais importante, de que maneira uma filosofia da linguagem lidaria com este
campo assim montado. Entretanto, gostaríamos de concluir de maneira a reunir o que
dissemos neste texto. Dizíamos de um hábito, que em Evans se nos mostrou patente, de
se propôr enunciados codificáveis por uma lógica-matemática. Ora, esse aparato técnico
oriundo da lógica-matemática e elaborado pela filosofia analítica, para sobreviver à
força de linguagem e de pensamento que os loucos produzem, teria de passar por
profundas e violentas transformações. É um problema de linguagem que Evans parece
ignorar, e mesmo até com certo desdém, inda que sua polidez lhe possa valer como
desculpa. Não mais a figura de um sujeito racional e supostamente confiável como
garantia de validez dos argumentos, sendo ele alguém competente para pronunciar
distintamente uma língua e entendê-la segundo a norma gramatical, ou segundo uma
máquina abstrata e universal, majoritária e domina