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Dança da Morte1
Aleksandr Blok*
Tradução de André Rosa**
A noite, a rua, o poste, a farmácia,
Absurda e inexpressiva luz.
Ainda que viva um quarto de século,
Tudo será igual. Não há escapatória.
Tu morres — começas novamente do início,
e tudo há de se repetir como antes;
A noite, a fria ondulação do canal,
A farmácia, a rua, o poste.
* Aleksandr Blok (1880-1921) é um dos mais importantes ícones da literatura russa, sendo considerado
um dos grandes poetas líricos após Aleksandr Pushkin. De família Aristocrata, abandonou tudo para
abraçar a Revolução de Outubro, tendo se dedicado nos seus últimos anos à luta política.
** André Rosa é pesquisador do Centro de Estudos em Filosofia Americana (CEFA).
1 Eis o original, em russo:
Пляски Сметри
Ночь, улица, фонарь, аптека,
Бессмысленный и тусклый свет.
Живи еще хоть четверть века,
Всё будет так. Иехода нет.
Умрешь — начнёшь опять сначала
И повторится всё, как вестарь;
Ночь, ледяная рябь канала,
Аптека, улица, фонарь
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 141]