139
diferença que isso ressaltava nas atitudes de alemães versus as atitudes dos anglófonos
em relação à Genética e à Ética – ao menos do ponto de vista alemão. A maior revista de
notícias alemã, Der Spiegel, comentou:
“Os cientistas naturais estão trazendo uma transformação no quadro do que se
considera humano. A questão é até que ponto isso é simplesmente para ser
aceito, ou até que ponto há algo que se contraponha a isso. Para não serem
sobrecarregados com considerações filosóficas, os biólogos nos Estados
Unidos estão criando seus próprios filósofos: nos últimos 25 anos tem sido
desenvolvida uma disciplina em Bioética, cujo esforço explícito é fornecer
recomendações sobre como lidar com as novas tecnologias que vem surgindo
dos laboratórios de Biologia... Poucos tem notado que, com a introdução da
Bioética, a relação entre Ética e Ciência tem virado de cabeça pra baixo. A
Ética com raízes na Filosofia alemã começa com um entendimento da
natureza humana e deriva critérios de ação dela. É algo muito diferente da
Bioética vinda dos países anglófonos. Essa diferença é mais claramente
expressa pelo [físico britânico Edwards,] médico pai do primeiro bebe-deproveta, Louise Brown: “A Ética precisa acomodar a si própria à Ciência e
não o contrário”.8
Se Peter Sloterdijk foi ambivalente quanto ao futuro do controle genético que ele
estava prevendo, a imprensa alemã foi ambivalente quanto ao fato de ele ter
mencionado isso. É o trabalho, eles pareceram sentir, dos VERDADEIROS filósofos
pensar sobre essas coisas e F