Revista Redescrições | Page 130

130 menos capaz de trazer o observador para a conclusão de que é a transmissão de significados ou intensões que está disposta aqui. Ao contrário, apenas pareceria a ele qualquer outra atividade industrial. Em outras palavras: não existe nenhum acesso sem mediação para a mídia. A mídia não é imediatamente observável. Para que se torne observável, o trabalho da mídia tem que ser mediado por uma subjetividade que toma para si o papel de mediador da mídia. De fato, é a avançada arte da modernidade e um certo tipo de arte contemporânea que historicamente fez o papel de tal mediador da mídia. A teoria da mídia contemporânea é dependente, de fato, de sua mediação. Mas existe uma tendência de se esquecer. Existe uma tendência de se esquecer que nós só podemos ver aquilo que nos é mostrado. Imagens individuais e textos nos são apresentados por mídia (não por sujeitos empíricos com suas intensões empíricas). Mas a mídia ela mesma – enquanto permanecer objeto de nossa contemplação, observação e análise – tem que se mostrar por uma subjetividade que está testemunhando e apresentando seu funcionamento. *Borys Groys (1947) é filósofo, crítico de arte e teórico da mídia. Atualmente é Global Distinguished Professor de estudos russos e eslavos da New York University e Senior Research Fellow na Karlsruhe University of Arts and Design, na Alemanha. **Paulo Francisco Martins Ghiraldelli é pesquisador do Centro de Estudos em Filosofia Americana (CEFA). Discente do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). E-mail: [email protected]. Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 125 a 130]