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e sujeitá-lo a uma certa ordem. Da mesma maneira, o sujeito não pode produzir,
estabilizar e comunicar essa mensagem usando o meio de comunicação, já que esse
meio também é material. A mensagem última do meio [media] é muitas vezes
caracterizada como a “morte do sujeito”. Esta é a fórmula cultural de massa cobrindo as
sutilezas de todas as diferentes teorias da mídia – e é essa fórmula que eu gostaria de
discutir agora.
Essa fórmula se refere ao sujeito que pode ser chamado de sujeito mestre: o
sujeito que é capaz de formular e comunicar suas intensões, seus pensamentos, sua
mensagem. A maestria sobre a comunicação é revelada pela teoria da mídia
contemporânea como uma ilusão subjetiva. Mas alguém pode perguntar: quem é o
sujeito desta ilusão subjetiva? Quem é o sujeito do desejo de dominar a comunicação
em nome do seu próprio pensamento? Quem é o sujeito do desejo de ser um sujeito? E,
obviamente, a desconstrução, assim como as outras formas de teoria crítica
contemporânea, pressupõe a existência de um sujeito de desejo de ser um sujeito. De
fato, Derrida sempre deu ênfase à central importância desse desejo de se tornar um
sujeito – pois, na falta desse desejo, a desconstrução em si perde sua extremidade
crítica. Agora, seja lá o que for possível de se dizer sobre a natureza ontológica do
sujeito, é justo dizer que esse sujeito é ao mesmo tempo totalmente consciente da teoria
da mídia contemporânea, incluindo o discurso da desconstrução. Anteriormente,
mencionei o status de cultura de massa da fórmula “a morte do sujeito”. Hoje, o sujeito
contemporâneo está completamente preparado para desistir de seu espírito para entrar
no meio material e fluxo de comunicação. Alexander Kojève escreve antes da segunda
Guerra Mundial que escrever é uma prolongada forma de suicídio. Naquele tempo,
poucos sabiam disso. Em nosso tempo, esse conhecimento se tornou um verdadeiro
conhecimento democrático. O sujeito pós-desconstrutivo tem se resignado em sua luta
por dominância sobre a mídia. Tem desistido do seu desejo por poder, desejo por
maestria, sua esperança de formular e comunicar sua mensagem. Mas o sujeito
resignado não é o sujeito morto. De fato, o contrário é verdadeiro. A resignação é a
melhor garantia de sobrevivência.
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 125 a 130]