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O que é a filosofia da mídia alemã?
Subjetividade como um meio da mídia
Boris Groys*
Tradução de Paulo Francisco Martins Ghiraldelli**
Discursos
contemporâneos,
digamos
“pós-modernos”,
sobre
mídia,
comunicação, informação e assim por diante estão funcionando em nossa sociedade em,
pelo menos, duas – se interconectadas – maneiras. Primeiro, eles descrevem
cientificamente o funcionamento da mídia contemporânea e seu papel crescente em
nossa sociedade. Mas o desenvolvimento da teoria da mídia durante as décadas recentes
foi, de uma maneira bem óbvia, motivado não só por puro interesse científico na
constituição da era da informação, mas também por um desejo de destruir o papel e
posição de "o sujeito" e de se livrar da tradição filosófica que tem o sujeito como ponto
principal de referência. Nós ouvimos de Marshall McLuhan que a mensagem de um
meio corrói, subverte e transforma toda mensagem individual usando esse meio. Nós
ouvimos de Heidegger que die Sprache spricht (a linguagem fala), e não é tanto que um
indivíduo esteja usando a linguagem. Essas formulações comprometem a subjetividade
do falante, do mandante da mensagem, mas a subjetividade hermenêutica no ouvinte é
deixada por eles relativamente intacta. Entretanto, a desconstrução de Derrida e as
máquinas de desejo deleuzianas também se livram desse último avatar de subjetividade.
Aqui, um indivíduo lendo um texto ou a interpretação de uma imagem se afoga em um
mar infinito de interpretações e/ou é levado embora pelo impessoal fluxo de desejos
Esses fluxos são entendidos pela teoria da mídia contemporânea como sendo
materiais e dirigidos por forças materiais. O sujeito, ao contrário, é tradicionalmente
entendido como sendo “espiritual”, imaterial – e, como tal, completamente desprovido
de poder em face de um universo material que não é mais percebido como sendo
sujeitado a uma ordem “ideal” metafísica. Sem a sobreposta ordem metafísica, o entre
jogo das forças materiais apresenta-se como puro caos. O meramente espiritual,
imaterial sujeito não tem mais o poder que o habilitaria a tomar controle sobre esse caos
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 125 a 130]