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É bem conhecido que, quando aplicada a uma escala global, a mistura clássica
entre políticas eróticas e thymóticas (dominação do outro e sentimento de superioridade
agressiva) representa um coquetel explosivo que já levou a inúmeras catástrofes
produzidas pelos humanos (2009, p. 704). Para evitar a crise global final, Sloterdijk
propõe a hiperpolítica como alternativa.
Hiperpolítica
A paleopolítica e a política clássica são formas históricas de governo. Seu
holismo agressivo e centralmente orquestrado provou ser uma estratégia política
inadequada, quando aplicada a uma escala global, já que leva inevitavelmente a
conflitos insolúveis. Em decorrência disso, alternativas precisam ser formuladas. Isso é
ainda mais verdadeiro quando se leva em conta que a paisagem das esferas está
atualmente alcançando um novo estágio: a humanidade está entrando, depois das
microesferas – bolhas – e das macroesferas – globos –, no estágio das esferas plurais –
ela vive, agora, em espumas.
Sloterdijk caracteriza as espumas humanas como aglomerações de um sem
número de bolhas. Cada uma das bolhas representa uma microesfera, fornecendo o
conforto de nove dimensões que seus habitantes precisam para sobreviver (2004, p. 55).
O número de habitantes de microesferas continua a ser pequeno: casais, famílias ou
outros grupos de novas pessoas povoam as bolhas. De um lado, cada bolha é uma
produtora autorreferencial de intimidade. De outro lado, devido ao fato de que bolhas
compartilham suas paredes com outras bolhas, elas se encontram em uma situação
paradoxal de co-insulamento. Apesar do fato de que as bolhas vizinhas estão o mais
próximo possível, elas permanecem inalcançáveis umas em relação às outras. A
interação entre as bolhas não é baseada em comunicação direta; trata-se do efeito de
infiltrações miméticas de padrões similares, bens contagiantes e símbolos (2004, p. 61).
Dentro da espuma, não existe perspectiva privilegiada; qualquer perspectiva é limitada e
parcial. Essa configuração tem implicações teóricas: é impossível – e indesejável –
formular e abranger supervisões de mundo (2004, p. 62). Tudo o que pode ser dito é que
a humanidade forma um número de montanhas de espuma, com nenhuma instância
Redescrições – Revista online do GT de Pragmatismo, ano V, nº 3, 2014 [p. 90 a 110]