Revista Redescrições | Page 103

103 Elas precisam ser diferenciadas entre o domínio individual e o domínio coletivo. Para construir esferas humanas para além de bolhas paleopolíticas, o indivíduo necessita separar-se de seu contexto social inicial e adquirir uma identidade da estrutura de poder mais ampla (2004, p. 263). A aderência à identidade de uma macroesfera humana requer aceitação do rebaixamento próprio a uma posição subordinada com a finalidade de aumentar a grandeza do coletivo. É por essa razão que tendências egocêntricas são mais e mais reduzidas; e a submissão, enquanto o objetivo final para o indivíduo, promovida (2005b, p. 31). Entretanto, quanto mais bem-sucedida a construção de uma esfera humana mais ampla, mais dificultosa é a mantença da atitude de submissão de seus membros. Isso se deve à economia da escala que proporciona ao indivíduo recursos que não são requeridos para a sobrevivência de curto prazo e que criam momentos de liberdade (2004, p. 278). A longo prazo, a política clássica tende a se tornar vítima de seu próprio sucesso. No domínio coletivo, forças thymóticas não são reprimidas; ao contrário, são alimentadas para gerar sentimentos agressivos de superioridade sobre outros coletivos (2005b, p. 38). Está em jogo, na política clássica, que coletivos humanos comecem a entender que eles não estão sozinhos no mundo. Com a percepção de outros coletivos, a comparação entre eles é inevitável e resulta no estabelecimento de relações internacionais. A partir desse momento, a identidade de uma macroesfera humana também é determinada pela confirmação (ou pela sua falta) da identidade desse coletivo por outros grupos (2005b, p. 39). Ao exigir reconhecimento do outro, está-se aplicando um teste a ele. Aquele que se recusa a reconhecer o outro será confrontado pela sua raiva, já que o outro se sentirá desestimado (2005b, p. 43). A competição na política clássica é, portanto, dupla: competição erótica sobre territórios, pessoas e recursos e competição thymótica, por reconhecimento de superioridade coletiva. No estágio da política clássica, instituições sócio-imunológicas e psicoimunológicas são expandidas e consolidadas. No domínio sócio-imunológico, a emergência de instituições de bem-estar 6