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CULTURA
da escrita, com o filho morto, enquanto vela o seu corpo numa capela junto ao mar.
O vencedor do Prémio Vergílio Ferreira 2016, na modalidade romance, foi anunciado a 1 de março. A escolha do júri recaiu em Dor de Ser Quase, Dor Sem Fim
de Iolanda Martins Antunes. Na mesma cerimónia, o Vice-Presidente da Câmara
Municipal de Gouveia, Joaquim Lourenço, apresentou a medalha comemorativa do
Centenário do Nascimento de Vergílio Ferreira, concebida por Fernando Fonseca.
GOUVEIA | REVISTA MUNICIPAL
ao elevado número e à qualidade das comunicações apresentadas pelos principais
especialistas da obra de Vergílio Ferreira, bem como por outros conferencistas que
ofereceram, de igual modo, significativos contributos para o estudo dos diferentes
géneros literários em que se distinguiu o autor de Pensar.
A obra literária de Vergílio Ferreira possui, como sabemos, uma forte vertente interartística, pelo que a música – que atravessa, aliás, todos os seus romances – esteve sempre
presente no Colóquio de Gouveia: primeiro com o grupo de fados de Coimbra In Illo
Tempore, o qual apresentou, na noite de 20 de maio, um conjunto de baladas que se escutam nos romances do autor de Para Sempre, cabendo, na noite seguinte, à Orquestra
Ligeira de Gouveia interpretar uma seleção musical que integra a banda sonora da ficção de Vergílio Ferreira, num dos momentos mais emotivos dos quatro dias do Colóquio.
Em colaboração com o ILCML – Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o Município de Gouveia organizou, de
18 a 21 de maio, o Colóquio Internacional “Vergílio Ferreira – Escrever e Pensar ou
O Apelo Invencível da Arte”. A inauguração e as comunicações iniciais realizaram-se
na Fundação Eng.º António de Almeida, no Porto, prosseguindo o Colóquio, nos dois
últimos dias, no Teatro-Cine de Gouveia. Aqui e após a alocução de boas-vindas,
proferida pelo Presidente da Câmara Municipal de Gouveia, Luís Tadeu, seguiram-se
as várias comunicações programadas, onde se destacaram alguns dos nomes mais
representativos, a nível nacional e internacional, dos estudos vergilianos. Almeida
Faria, Liberto Cruz, Alípio de Melo e Ángel Marcos de Dios conheceram bem o escritor,
pelo que apresentaram ao público, numa mesa de testemunhos do Colóquio, uma
parte das muitas histórias que guardam do convívio com o amigo. Marcos de Dios,
para além de recordar a passagem do autor de Para Sempre por terras de Espanha na
sua companhia, aproveitou para salientar a importância de Miguel de Unamuno na
ficção e pensamento de Vergílio Ferreira. O programa do Colóquio demonstra, assim,
que se cumpriu mais um importante capítulo dos estudos vergilianos, atendendo
Um outro e marcante evento do Programa Comemorativo, ocorreu na manhã do
último dia do Colóquio: falamos da cerimónia de entrega oficial de 205 livros da biblioteca particular de Vergílio Ferreira que se encontravam, desde 1999, na Biblioteca
Nacional. A BMVFG viu agora enriquecido o seu espólio bibliográfico, resultado do
empenho e esforço do Presidente e Vice-Presidente da autarquia gouveense, que
contaram com o apoio do autor destas linhas, que vem estudando as marginalia do
escritor nos livros da sua biblioteca privada. Trata-se de um espólio ímpar no que diz
respeito às bibliotecas particulares de grandes escritores e que, estamos certos, assim
será reconhecido pelas atuais e futuras gerações de leitores e investigadores, não só
de Vergílio Ferreira, mas também das marginalia de escritores que são igualmente
grandes leitores. A proposta de transferência destes livros