Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2017 | Page 7

de diagnóstico errado , na disfunção respiratória como causa de dispneia induzida pelo exercício é de cerca de 2 a 7 anos , Assim , uma história clínica cuidada , com um exame físico bem estruturado e um mapa conceptual claro de potenciais causas é indispensável , em conjunto com exames complementares de diagnóstico criteriosamente definidos , tais como a espirometria com broncodilatação , avaliação da inflamação das vias aéreas e prova de esforço cardiopulmonar , para uma avaliação global e integrada do atleta .
O tratamento depende forçosamente da etiologia e classificação , podendo ser necessária a intervenção de um técnico de saúde especializado em biofeedback respiratório .
Aconselhamos a leitura da segunda parte deste artigo , que é mais focada em casos clínicos de atletas , TPR específicos e respetivas intervenções e seus resultados , não fazendo parte , no entanto , do âmbito deste resumo .
Comentário
Uma das limitações desta publicação , tal como muitas vezes acontece em áreas em que a evidência científica disponível para gerar recomendações baseadas na evidência é diminuta , prende-se com o facto dos artigos em que se baseia ter limitações de qualidade significativas . Assim , a generalização dos resultados carece de validação por ensaios clínicos , com participantes em número suficiente para detetar diferenças com a intervenção clinicamente relevantes , bem como aleatorização e alocação da intervenção adequadas . Contudo , devemos salientar que a ausência de evidência que sustente uma recomendação não nos deve impedir de , criticamente , avaliar a plausibilidade biológica e o eventual interesse de intervenções terapêuticas em estudos de prova-de-conceito ou de vida real . Assim , a relação causal que os autores tentam estabelecer , entre a disfunção respiratória e a dor músculo-esquelética , embora siga um raciocínio lógico e ser interessante , acaba por estar limitada à inexistência de trabalhos que a fundamentam na prática .
Como referido anteriormente , os transtornos do padrão respiratório , e mais especificamente a respiração disfuncional e o exercício físico , têm sido amplamente debatidos e estudados nos últimos anos , e foram inclusive motivo de uma extensa revisão bibliográfica publicada na revista oficial da Sociedade Europeia Respiratória , a Breathe , em junho de 2016 com o título Dysfunctional breathing and reaching one ’ s physiological limit as causes of exercise-induced dyspnoea 2 , cuja leitura aconselhamos .
Em conclusão , a respiração disfuncional é uma alteração nos padrões biomecânicos normais de respiração , que resulta em sintomas crónicos ou intermitentes , e que poderão ser de origem respiratória e / ou não respiratória . Estes sintomas incluem dispneia induzida pelo exercício , sibilância em repouso , estridor , “ aperto na garganta ”, suspirar , aperto no peito , “ fome de ar ”, tonturas ou fadiga generalizada , que podem coexistir , embora um possa predominar . O diagnóstico de certas patologias respiratórias no atleta , como a asma , a hiperventilação ou a broncoconstrição associadas ao exercício , exige uma redobrada atenção para o despiste e avaliação de transtornos do padrão respiratório uma vez que ambos podem coexistir . Finalmente , relaxamento , reeducação de padrões de controlo motor / neuromuscular , padrão respiratório normal em repouso e depois durante a atividade são formas de tratamento , por forma a melhorar a qualidade de vida do atleta , o seu desempenho e diminuir os sinais e sintomas respiratórios durante atividades de treino e competição .
Bibliografia
1 . A Clinical guide to the assessment and treatment of breathing pattern disorders in the physically active : Part 1 . Int J Sports Phys Ther . 2016 ; 11 ( 5 ): 803 – 809 .
2 . Dysfunctional breathing and reaching one ’ s physiological limit as causes of exercise- -induced dyspnea . Breathe ( Sheff ). 2016 ; 12 ( 2 ): 120 – 129 .
3 . A clinical guide to the assessment and treatment of breathing pattern disorders in the physically active : Part 2 , A case series . Int J Sports Phys Ther . 2016 ; 11 ( 6 ): 971 – 979 .
Artigo completo na página de abertura do site da Revista ( www . revdesportiva . pt )
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