Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2017 | Page 14

central e periférico 16 , reduzindo o risco de patologia ao nível das artérias coronárias 17 e minorando a manifestação de eventos cardiovasculares não fatais . O exercício físico regular diminui a insulinorresistência , melhora o perfil lipídico , promove a manutenção ou a perda de peso e atenua os ganhos de gordura abdominal 18 , 19 .
Condição muscular Neste tipo de população , ao nível da condição muscular , evidencia- -se sarcopenia , que está relacionada com a funcionalidade qualitativa do músculo e com a redução de força , sendo uma preocupação de saúde pública 20 . Esta situação vai restringir a qualidade de vida da mulher e a sua atividade física quotidiana , levando a um risco mais acentuado de fraturas associadas e queda 20 . Dados do estudo Women ’ s Health Across the Nation mostram que há um declínio da massa muscular e estima-se que a diminuição da massa muscular é cerca de 0,23kg durante a transição menopáusica 21 .
Condição óssea Ao nível da condição óssea destaca- -se a osteoporose . Embora a densidade mineral óssea ( DMO ) diminua lentamente após a terceira década de vida , existe diminuição exponencial do processo de remodelação óssea durante a peri-menopausa e pós-menopausa . Fatores como a história familiar , os medicamentos , o tabagismo , o álcool , a dieta e o exercício influenciam a gravidade da perda de DMO 22 , 23 . O exercício físico regular promove o aumento da taxa de remodelação óssea e a deposição de mineral no osso afetado . Uma vez que melhora a força muscular e o equilíbrio , pode também ajudar a prevenir quedas , uma das principais causas de fratura 24 .
Segundo a International Osteoporosis Foundation , uma em cada três mulheres , com idade superior a 50 anos , é afetada por fraturas devido à osteoporose , o que resulta em maiores custos relacionados com a saúde 25 . As fraturas vertebrais são passíveis de elevada ocorrência durante a fase do climatério , o que pode levar à redução de estatura , dor , perda de autonomia funcional e deformação vertebral 26 .
Estudos comparativos
Gao , H . L . et al realizaram uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados , onde analisaram o efeito das caminhadas no peso corporal , no IMC e na percentagem de gordura corporal nas mulheres na peri-menopausa e na pós-menopausa 27 . Foram incluídos dois grupos : um que fez caminhadas como único tratamento e o grupo controlo ( ausência de prática de exercício ). As intervenções tiveram pelo menos quatro semanas de duração e os participantes não praticavam exercício físico no início do estudo . Foram analisados oito estudos , os quais revelaram reduções estatisticamente significativas no IMC e na percentagem de gordura corporal no grupo que fez exercício físico . A melhoria da composição corporal das mulheres na pós-menopausa após a intervenção valoriza a importância da caminhada como uma atividade física para a promoção da saúde .
Já no estudo de Bailey et al o objetivo foi determinar se o exercício , ao melhorar a termorregulação e a função vascular , também melhorava os afrontamentos . Vinte e uma mulheres sintomáticas foram submetidas a um teste de aptidão cardiorrespiratória . Durante o aquecimento passivo foram medidas as taxas de sudação , os limites de temperatura corporal e de sensibilidade / resistência à sudorese com o exercício . Realizaram 16 semanas de exercício supervisionado . Verificou-se melhoria na aptidão cardiorrespiratória e na redução do número de afrontamentos após o exercício comparativamente ao grupo controlo 28 .
Józefowski et al apresentaram um estudo em que o objetivo foi avaliar o impacto do exercício sobre a eficiência da marcha , o equilíbrio e o risco de quedas em pessoas com mais de 55 anos de idade 29 . Foram testadas mulheres com idades compreendidas entre os 56 e 80 anos , fisicamente ativas . O grupo controlo foi constituído por mulheres numa faixa etária semelhante , não praticantes de exercício físico . O estudo revelou menor risco de quedas em pessoas fisicamente ativas , ao passo
Tabela 1 . Prescrição de exercício em mulheres pós-menopáusicas com sarcopénia 20 Fatores de prescrição Descrição Frequência
2 a 3 vezes por semana , com pelo menos 48 horas de intervalo entre cada sessão
Intensidade 70 a 90 % de 1 Repetição Máxima
Séries
1 a 2 séries com 2 a 3 minutos de descanso entre cada série em exercícios poliarticulares , ou com 1 a 2 minutos de descanso em exercícios monoarticulares .
Repetições 10 a 15 N º de exercícios por sessão 8 a 10
Grupos musculares alvo Grandes grupos musculares . Devem ser focados os músculos extensores , pois estes têm um papel muito importante no equilíbrio , mobilidade e prevenção de quedas .
Progressão do exercício O programa deve iniciar-se com 50 a 60 % da força máxima , com cerca de 12 repetições , principalmente se a mulher for sedentária .
Tabela 2 . Prescrição do exercício para melhoria da condição óssea 20
Tipo de treino
Presença de pelo menos um fator de risco de osteoporose
Osteoporose
Cardiovascular
Reforço Muscular
3 a 5 dias por semana , 30 a 60 min por sessão
Intensidade moderada a vigorosa Intensidade moderada . Evitar alto impacto . Restringir atividades que aumentam o risco de queda .
2 a 3 dias por semana , 30 a 60 min / sessão , valorizar grandes grupos musculares , sobretudo músculos que fazem parte de zonas do corpo mais suscetíveis à perda de densidade mineral óssea .
60 a 70 % de 1 RM ( 8 a 12 repetições , 80 a 90 % de 1RM ( 5 a 6 repetições )
60 a 80 % de 1 RM ( 8 a 12 repetições )
Exercícios de equilíbrio , posturais e que melhorem a aptidão física funcional .
12 Março 2017 www . revdesportiva . pt