Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2017 | Page 33

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da longa porção do bicípite e subluxação da mesma , sem rotura do tendão do subescapular ( Fig . 8 ). Não foram identificadas lesões capsulolabrais ( Fig . 9 ).
Procedeu-se a desbridamento dos fragmentos avulsos com shaver e reinserção do tendão do supra- -espinhoso por via articular , com duas âncoras de sutura duplamente carregadas em fileira única ( Fig . 10 ). Realizou-se , ainda , tenodese intra- -articular da longa porção do bicípite , também com âncora de sutura , pela técnica de lasso-loop .
Não se registaram intercorrências no pós-operatório imediato .
Nas primeiras três semanas foi mantida imobilização com suspensão braquial e banda torácica , contudo , na 3 .ª semana pós-operatória foi iniciada reabilitação diária com mobilização passiva e assistida sagital , coronal da omoplata . A partir das oito semanas , foi iniciada mobilização ativa , com fortalecimento dos estabilizadores da omoplata e hidroterapia .
Aos três meses de pós-operatório constatava-se a existência de arco de mobilidade passivo e ativo completo e indolor , tendo retornado à atividade profissional prévia sem limitações aos seis meses ( Figs . 11 e 12 ).
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Discussão
Uma fratura- -avulsão do troquiter com descoaptação próximo-medial de cerca de 5mm tratada conservadoramente compreende um elevado de risco de consolidação viciosa com consequente diminuição do espaço sub-acromial e conflito mecânico em movimentos de elevação anterior e abdução 1 . A medialização da inserção das fibras do supraespinhoso poderá alterar a cinética do músculo pela diminuição do braço de alavanca e do momento da força aquando da sua ação 3 . No membro superior dominante de um doente jovem com uma atividade laboral over head , esta lesão poderia resultar num mau resultado funcional se tratada conservadoramente .
A opção pela abordagem artroscópica , ao invés da artrotomia , permite uma visão inside-out e outside-in do tendão do supra-espinhoso , facilitando também o diagnóstico e tratamento de eventuais lesões ligamentares e condrolabrais concomitantes , expectáveis após um episódio de luxação traumática .
São várias as técnicas de reinserção artroscópica descritas na literatura , sem que haja evidência estatísticamente significativa das vantagens de uma sobre as restantes . Optámos , á luz da evidência científica atual 7 , 8 , 10 , tratar a lesão como uma rotura parcial articular . O desbridamento dos fragmentos permite uma cruentação dos mesmos na tentativa de promover a consolidação óssea na footprint do supra-espinhoso .
A reabilitação foi feita de acordo com o protocolo realizado habitualmente para as lesões da coifa dos
rotadores de maneira a maximizar o potencial de cicatrização das fibras reinseridas e consolidação dos fragmentos avulsos .
Conclusão
As fraturas-avulsão do troquiter devem ser abordadas como uma rotura do tendão do supra-espinhoso , beneficiando não só da reinserção artroscópica , mas também do tratamento de eventuais lesões articulares concomitantes por esta via . A técnica utilizada no caso clínico descrito originou um resultado funcional favorável , com retorno à atividade laboral sem limitações .
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Sociedade Portuguesa de Artroscopia e Traumatologia Desportiva

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