Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2017 | Page 25

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resultados destes métodos de fixação permanecem por comprovar 2 , 3 , 35-39 .
As lesões de Lisfranc não tratadas têm um risco superior de desenvolver alterações articulares degenerativas . Por outro lado , entre 40 a 94 % dos pacientes , mesmo após redução e fixação interna adequados , desenvolvem osteoartrose , a qual frequentemente se torna sintomática e conduz à necessidade de realizar a artrodese desta articulação 14 , 25 , 26 , 30 , 40 , 41 . Como tal , considera-se que o tratamento atual destas lesões em desportistas tem resultados pouco encorajadores , com progressão frequente e quase inevitável para osteoartrose , o que determina muitas vezes o fim da carreira desportiva do atleta 42 .
A artrodese primária da articulação de Lisfranc , que pode ser feita com parafusos ou placa , está indicada classicamente como tratamento primário em fraturas articulares cominutivas da articulação de Lisfranc e em lesões de Lisfranc com mais de quatro meses de evolução 2 , 7 , 43 . Após a intervenção , os pacientes são submetidos a imobilização e descarga do membro durante seis semanas , seguida de carga parcial protegida até aos três meses , altura em que iniciam atividades de baixo impacto 2 . Um questionário a ortopedistas especialistas nestas lesões , verificou que a maioria dos inquiridos permite a prática de desportos de impacto nos atletas submetidos a artrodese de Lisfranc 44 . O facto de também as entorses de Lisfranc isoladas instáveis progredirem rapidamente para osteoartrose levou a que surgisse a hipótese da artrodese primária poder ser também nestes casos uma opção inicial viável em vez da redução e fixação 7 , 26 . Alguns estudos chegam mesmo a relatar resultados sobreponíveis e superiores da artrodese em comparação com a redução e fixação em termos de resultados funcionais , tempo de recuperação e de regresso à prática desportiva 41 , 44 , 45 . Foi também demonstrada uma taxa superior de recuperação na redução e fixação , particularmente na de conversão para artrodese após instabilidade ao se retirar o material de fixação 41 , 42 . Contudo , apesar de a artrodese ser uma solução definitiva ao eliminar o risco de osteoartrose sintomática , o risco de limitação funcional e rigidez do mediopé que ocorre sobretudo quando esta envolve múltiplos raios , faz com que não seja a melhor opção inicial em desportistas 2 , 30 . Além disso , esta opção tem também riscos de não consolidação , de artrose acelerada peri-artrodese e de fratura de stress 2 .
O regresso à prática desportiva após entorses instáveis , fraturas e luxações de Lisfranc demora entre quatro meses a um ano , quer se trate de tratamento conservador ou cirúrgico 2 , 11 .
Conclusão
As lesões de Lisfranc são um espetro amplo de diferentes entidades , às quais o tratamento conservador ou cirúrgico deve ser adaptado , tendo também em conta a idade do paciente , nível de atividade e expetativas funcionais . O tempo de recuperação é prolongado e o regresso ao desporto demora aproximadamente quatro meses a um ano . Além disso , a maioria destas lesões progride rapidamente para osteoartrose sintomática , podendo colocar em risco a carreira desportiva do atleta . A decisão de tratamento cirúrgico entre redução e fixação e artrodese primária deve ser discutida e partilhada com o atleta , na posse de toda a informação sobre vantagens e desvantagens de cada uma das opções . São necessários mais estudos prospetivos aleatorizados que aumentem a evidência e determinem os algoritmos de tratamento ideais para cada tipo específico de lesões de Lisfranc .
Bibliografia
1 . Garrick JG , Requa RK . The epidemiology of foot and ankle injuries in sports . Clin Sports Med 1988 ; 7 ( 1 ): 29 – 36 .
2 . Seybold JD , Coetzee JC . Lisfranc Injuries : When to Observe , Fix , or Fuse . Clin Sports Med . 2015 Oct ; 34 ( 4 ): 705-23 .
3 . Myerson MS , Cerrato RA . Current management of tarsometatarsal injuries in the athlete . J Bone Joint Surg Am 2008 ; 90 ( 11 ): 2522 – 33 .
4 . Trevino SG , Kodros S . Controversies in tarsometatarsal injuries . Orthop Clin North Am 1995 ; 26 ( 2 ): 229 – 38 .
Restante Bibliografia em : www . revdesportiva . pt ( A Revista Online )
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