Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2017 | Page 15

Complicações Médicas e Cirúrgicas da Osteoporose

Dra . Andreia Ferreira 1 , Dr . Henrique Sousa 2
1
Assistente Hospitalar ,
2
Interno de formação específica . Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia – Espinho , EPE .
A osteoporose é uma doença esquelética sistémica caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea e degeneração da microarquitetura do osso , com consequente diminuição da resistência óssea e aumento do risco de fratura . Afeta predominantemente idosos e mulheres pós-menopausa e a sua importância em termos de saúde pública advém da significativa mortalidade e morbilidade , bem como dos elevados custos económicos e sociais que a sua
principal complicação acarreta – as fraturas osteoporóticas .
O risco de haver uma fratura osteoporótica ( anca , coluna vertebral ou rádio ) ao longo da vida é cerca de 30-40 % nos países desenvolvidos 1-4 . Prevê-se que em 2050 o custo das fraturas osteoporóticas na europa seja de 77 biliões de euros 5-7 .
Fraturas vertebrais
As fraturas vertebrais são as fraturas osteoporóticas mais comuns , com uma prevalência próxima entre homem e mulher ( 10-24 %) 8 , 9 . Podem ocorrer na ausência de trauma ou após trauma minor , como dobrar , rodar ou levantar pesos . Dois terços das fraturas vertebrais são assintomáticas , podendo apenas serem detetadas em exames de imagem ( raio X ). Após ocorrer uma fratura vertebral há um aumento de 4 a 5 vezes do risco de nova fratura vertebral e 2 a 4 vezes de outras fraturas osteoporóticas , além de um aumento significativo da mortalidade , riscos que aumentam exponencialmente com o acumular de fraturas .
As complicações da fratura vertebral incluem dorsalgia / lombalgia crónica , défices neurológicos , limitação da mobilidade / marcha , cifose com limitação da capacidade pulmonar e aumento do risco de pneumonia 10 , 11 .
O tratamento desta fratura pode ser conservador , podendo implicar o uso de colete , ou cirúrgico , maioritariamente para alívio da dor , estabilização mecânica e / ou diminuir / evitar complicações neurológicas 12 .
Fraturas do fémur proximal
As fraturas do fémur proximal são uma das consequências mais nefastas da osteoporose .
A sua incidência aumenta com a diminuição da densitometria óssea ( DMO ) e o aumento do risco de quedas , característicos do envelhecimento 13 . Estão associadas a um aumento da mortalidade de 15-25 % no ano seguinte à fratura e são responsáveis pela perda temporária ou permanente de autonomia ( 50 % casos ), incapacidade para a marcha , institucionalização e deterioração da qualidade de vida .
O tratamento da fratura é quase sempre cirúrgico , com técnicas que , dependendo dos casos , podem incluir a fixação da fratura ou substituição de parte ou totalidade da articulação da coxofemoral 14 , 15 . Um número elevado de doentes tem uma segunda fratura do fémur que acarreta mortalidade ainda mais elevada 16 .
Fratura transtrocantérica ( A ) e fixação com placa e cravo deslizante ( B )
Fratura do radio distal que acabaria por ser operada ( redução e fixação com placa e parafusos )
Fraturas do rádio distal
São uma das manifestações mais precoces de osteoporose , ocorrendo em idades mais jovens ( 50 a 65 anos ). Apesar de não terem consequências tão significativas como as fraturas do fémur , também estão associadas a diminuição significativa na qualidade de vida e da autonomia , bem como incapacidade laboral 17 .
Revista de Medicina Desportiva informa Janeiro 2017 · 13