Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2017 | Page 11

Dossier

Rev . Medicina Desportiva informa , 2017 , 8 ( 1 ), pp . 9 – 18
A osteoporose é conhecida pela doença que “ rouba silenciosamente ”, que atinge mais as mulheres , os mais idosos e aqueles com mais fatores de risco alteráveis . É uma doença sistémica e progressiva , que causa mortalidade e grande morbilidade . As suas consequências são devastadoras , pois muitas vezes o primeiro sinal da doença é a fratura , a qual provocará grande incapacidade para as simples atividades diárias ( alimentação , vestir , ir ás compras ) e alguma mortalidade . Dizem os especialistas que , com o aumento da longevidade , se aproxima um tsunami de fraturas . Independentemente do tratamento , o doente que sofre fratura da coluna ou do colo do fémur , atrofia , enfraquece , adoece , tem muitas infeções , necessita de internamento , desidrata e , em percentagens altas e inaceitáveis , acaba por falecer . É um drama , sem dúvida . Os números da osteoporose são assustadores
• Há 200 milhões de pessoas no Mundo com osteoporose
• A osteoporose provoca uma fratura a cada três segundos
• A osteoporose afeta 12 % da população adulta portuguesa
• Estudos europeus revelam que oito em cada 20 ( 40 %) mulheres e três em cada 20 ( 15 %) homens irão sofrer uma ou mais fraturas osteoporóticas ao longo da sua vida
• Após os 65 anos de idade , o risco de fratura aumenta exponencialmente e a frequência de fraturas nas mulheres é 2-3 vezes superior à dos homens
• De acordo com o maior estudo sobre a prevalência de doenças reumáticas em Portugal ( EpiReumaPt ), a prevalência de osteoporose nas mulheres portuguesas pós-menopáusicas acima dos 50 anos é significativamente superior , correspondendo a 39 %
• As estatísticas americanas referem que há
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9.9 milhões americanos têm osteoporose
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43.1 milhões têm baixa densidade óssea
·· 2 milhões de fraturas / ano
·· 432 mil admissões no hospital / ano
·· 2.5 milhões de consultas / ano
·· 180 mil admissões em lares / ano . A sociedade portuguesa em geral e algumas instituições em particular têm vindo a preocupar-se cada vez mais sobre a temática da osteoporose e das suas consequências . Em particular , a Associação Portuguesa de Osteoporose tem vindo “ ao terreno ” e organiza anualmente este evento . Na véspera , e pela primeira vez , ocorreram uma série de palestras , destinadas à população em geral , sobre vários conteúdos relacionados com a osteoporose . A generosidade dos autores permitiu a escrita dos temas seguintes e a partilha com os leitores desta Revista .

A osteoporose – uma doença que interessa a todos

Dr . Basil Ribeiro Especialista em Medicina Desportiva . Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia – Espinho , EPE
https :// www . iofbonehealth . org /
A Norma de Orientação Clínica número 001 / 2010 de 30 de Setembro de 2010 da Direção-Geral da Saúde ( DGS ), sobre a Prescrição da Osteodensitometria na Osteoporose do Adulto , publicada em 30 / 09 / 2010 , divulga os noves fatores de risco major e os dez fatores de risco minor de osteoporose ( de fratura ). Entretanto , de acordo com o National Osteoporosis Foundation e da International Osteoporosis Foundation , os fatores de risco dividem-se em duas categorias : os modificáveis e os não modificáveis ( Quadro ).
Habitualmente o diagnóstico é tardio e quase sempre quando ocorre a fratura . Contudo , o diagnóstico da osteoporose está indicado nas normas da Direção Geral de Saúde ( 2010 ). A osteodensitometria ( ODM ) é considerada o método padrão para o diagnóstico da osteoporose :
• Mulheres > 65 anos e homens > 70 anos
• Pode ser necessária avaliação mais precoce em pessoas com fatores de risco
• Nos indivíduos com mais de 65 anos com ODM normal não é necessária a sua repetição
• Após instituição de tratamento a ODM não deve ser repetida durante dois anos
• A perimenopausa ou a menopausa não são , só por si , indicações para a realização de ODM
• Mulheres premenopáusicas e homens com idade inferior a 50 anos , saudáveis , não devem ser submetidos a ODM
• As mulheres perimenopáusicas , com um valor normal numa primeira ODM devem repetir o exame só depois dos 65 anos
• Uma ODM que revela osteopenia só deverá ser repetida após cinco anos .
A Norma da DGS , já referida , também inclui os critérios para diagnóstico da osteoporose , adotados da Organização Mundial de Saúde , baseados no T-score ( relaciona a densidade mineral óssea do sujeito com a do jovem , saudável do mesmo sexo ):
• T ≥ – 1 : normal
Revista de Medicina Desportiva informa Janeiro 2017 · 9