Neurologia Manual para pessoas com Parkinson | Page 6
1|
História e
Epidemiologia
Prof. Doutor Joaquim Ferreira
A primeira descrição de doentes com Doença de Parkinson foi feita pelo
médico inglês James Parkinson em 1817. Existem contudo documentos
mais antigos que fazem referência a sintomas já potencialmente causados
por esta doença. Mais tarde, foi o neurologista Francês Jean-Martin Charcot
que fez uma descrição mais detalhada dos sintomas da doença e propôs
pela primeira vez o nome de “Doença de Parkinson”.
Os primeiros medicamentos a serem usados no tratamento da doença
foram compostos com um efeito dito anticolinérgico e resultaram de observações empíricas (ex. uso da planta Belladona). Foi o médico Hornykiewicz e o seu colaborador Ehringer que descobriram, no início da década de
60 do século XX, que os doentes com Doença de Parkinson tinham uma
diminuição do químico dopamina (neurotransmissor) em algumas zonas
do cérebro. Esta descoberta abriu a porta para a utilização posterior do
medicamento levodopa (que se degrada em dopamina) no tratamento de
doentes com Parkinson.
Em 1961 o neurologista Birkmayer injetou pela primeira vez em doentes
levodopa (fornecida por Hornykiewicz) com um efeito benéfico indiscutível.
Seguiram-se nas décadas seguintes a comercialização de comprimidos de
levodopa e outros medicamentos antiparkinsónicos.
Mais recentemente ocorreu um novo grande avanço no tratamento da
doença com a introdução de novas técnicas cirúrgicas. Embora existam
descrições de cirurgias cerebrais desde o início do século XX, foi em 1987
que pela primeira vez Alim-Louis Benabid utilizou, em Grenoble, a cirurgia
de estimulação cerebral profunda (colocação de elétrodos no cérebro) no
tratamento destes doentes.
A Doença de Parkinson é uma doença frequente afetando aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos. Em Portugal estima-se que existam atualmente cerca de 18.000 doentes. Os sinto6