Neurologia Manual para pessoas com Parkinson | Page 44
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O futuro da Doença
de Parkinson
Prof. Doutor Joaquim Ferreira
Irá comemorar-se em 2017, duzentos anos depois da publicação do Ensaio em que James Parkinson descreve pela primeira vez, de uma forma
clara, os sintomas da doença.
Até muito recentemente foram os sintomas ditos motores (tremor, rigidez, lentificação dos movimentos) que mais atenção mereceram por parte
dos médicos e investigadores. Contudo, sabemos agora, que são os sintomas ditos não motores (defeito de memória, alterações psiquiátricas, alterações urinárias, dor, etc.) que mais contribuem para a incapacidade nas fases mais avançadas da doença. A atenção e relevância que estes sintomas
estão a merecer atualmente, será um dos fatores que vai provavelmente
levar ao desenvolvimento de novos tratamentos direcionados para estes
problemas. Nos próximos anos, irá também continuar a existir um interesse crescente nos tratamentos relacionados com a reabilitação, cuidados
paliativos, apoio social, etc..
O melhor conhecimento das alterações celulares e moleculares associadas à doença irá também permitir o desenvolvimento de novos tratamentos, diferentes dos atualmente disponíveis. Os medicamentos atuais
estão direcionados para compensar a diminuição da dopamina cerebral.
Contudo, vários outros produtos químicos estão também envolvidos nos
mecanismos da doença e serão alvo de desenvolvimento de tratamentos
específicos. Admitimos também que nos próximos anos irá existir um interesse crescente no desenvolvimento de associações de medicamentos,
para tratar em simultâneo vários problemas da doença. Deve também ser
mencionada a continuação e o aumento dos estudos que irão investigar
terapêuticas génicas.
Até ao momento presente tem existido uma grande focalização na procura de um tratamento curativo. No nosso entender, irá também ocorrer
uma mudança de estratégia, com uma priorização do tratamento de todos
os sintomas que sejam desconfortáveis para os doentes.
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