Neurologia Manual para pessoas com Parkinson | Page 24

guns medicamentos obrigam a precauções especiais, como a selegilina. Habitualmente no dia da cirurgia é necessário um jejum prolongado, em que o doente não se pode alimentar. No entanto, em alguns casos é possível tomar a medicação para a DP com um golo de água. O cirurgião ou anestesista (se necessário aconselhando-se com o neurologista) podem autorizar a toma da medicação. Após a cirurgia, enquanto o doente não se pode alimentar, a medicação antiparkinsónica é muito limitada, visto que a maioria é tomada por via oral. Em situações especiais e em alguns hospitais é possível a administração de medicação injetável, mas dado o risco de indução de vómitos só em situações especiais é usada. O ideal é restabelecer a via oral o mais cedo possível, para que o doente possa retomar a sua medicação pela boca. Tratamento das complicações motoras da doença flutuações motoras e coreia (discinesia) Na DP avançada, a maior parte dos doentes desenvolve flutuações motoras, com perda do efeito da medicação antiparkinsónica antes da toma seguinte fazer efeito. Após 3 anos de tratamento com doses moderadamente altas de LDOPA, esta situação ocorre em mais de metade dos doentes medicados. De facto, a LDOPA após a absorção encontra-se em circulação cerca de 90 minutos. Se o cérebro não consegue captar uma quantidade suficiente para usar ao longo das horas seguintes, o seu efeito acaba por diminuir e perder-se. Para contrariar este efeito, o seu médico pode: a) aumentar a dose de LDOPA; b) aumentar o número de tomas, diminuindo o intervalo entre elas; c) adicionar medicamentos que estendam a duração da LDOPA (inibidores enzimáticos) ou d) adicionar medicamentos que mimetizem a dopamina (agonistas dopaminérgicos). Todas estas abordagens têm eficácia e risco de induzir efeitos adversos que variam de doente para doente. A coreia (discinesia) induzida pela medicação antiparkinsónica tem frequência semelhante às flutuações motoras, sendo também mais frequentemente associada à LDOPA. Ocorre na doença avançada e corresponde ao excesso de ação dopaminérgica nos neurónios. Pode ser reduzida ou eliminada reduzindo a medicação dopaminomimética (LDOPA ou agonistas dopaminérgicos). Por vezes esta redução potencia o aparecimento ou agravamento das flutuações motoras, com diminuição do tempo em On, sendo 24