Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 89
COLÔMBIA
(Luis Acosta, Agence France Presse)
O Presidente cubano Raul Castro (centro) observa um aperto de mão entre o Presidente colombiano Juan Manuel Santos (à esquerda)
e o líder das FARC Timoleón Jiménez (à direita) relacionado a um acordo em princípio para negociar um fim da insurgência das FARC,
durante uma reunião em Cuba, setembro 2015.
considerando que os registros em ambientes comparáveis
(como Sri Lanka, Nepal e El Salvador) levantam sérias
dúvidas sobre o caminho à frente para a Colômbia.
A Paz como uma Continuação da
Guerra
Todos os grupos insurgentes capazes entendem que
o emprego da força militar — ou da violência — só é
apenas estrategicamente relevante na medida que cria
espaço e influência políticos. Esses objetivos podem
ser obtidos igualmente por outras formas, tal como a
exploração de negociações para conseguir proteção,
imunidade e concessões políticas desproporcionais às
realizações militares e à posição social de um grupo.
Essa abordagem pode ser vista mais vividamente no
conflito entre os Tigres de Libertação do Tâmil Eelam
(LTTE, na sigla em inglês) e o governo do Sri Lanka,
que envolveu quatro períodos de negociação, todos
mediados por potências estrangeiras e todos profundamente problemáticos na implementação e no intento,
certamente por parte dos LTTE. Durante a trégua final,
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iniciada pelos LTTE em fevereiro de 2002, eles utilizaram as restrições impostas às forças de segurança do Sri
Lanka para adentrar agressivamente nas áreas Tâmil,
às quais eram negadas anteriormente3. Em outubro de
2003, os LTTE lançaram uma proposição, “A Autoridade
de Autogovernança Interina” (Interim Self-Governing
Authority — ISGA), que extrapolava as realidades de
facto para exercer o poder de jure nas Províncias Norte
e Oriental4. Depois do tsunami devastador no Oceano
Índico, em 26 de dezembro de 2004, a proposição ISGA
assumiu todas as características de um Estado, conforme
os LTTE buscaram canalizar a assistência internacional
injetada no Sri Lanka por meio da sua própria burocracia
de Estado paralelo5. No decorrer disso, as operações psicológicas contra o Estado continuaram, tudo enquanto
os LTTE utilizaram o cessar-fogo como disfarce para eliminar aqueles que os impediam, incluindo o ministro do
exterior do Sri Lanka e literalmente centenas de políticos
e ativistas tâmeis.
O ponto é que os LTTE permaneceram comprometidos com a guerra, embora o discurso permaneça
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