Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 70

complexos demais para serem enfrentados pelas Forças Armadas e órgãos civis dos EUA isoladamente15 .
O governo e a indústria vêm reconhecendo a importância do Vale do Silício e da comunidade de start-ups em não atuarem sozinhos . Por exemplo , a nomeação , em março de 2016 , do diretor executivo da empresa Google , Eric Schmidt , para presidir o Comitê Consultivo de Inovação da Defesa ; do empresário de tecnologia Chris Lynch para presidir o Serviço Digital de Defesa do Pentágono ; e o estabelecimento da DIUx absorvem o talento e os conhecimentos do Vale do Silício para servirem ao Departamento de Defesa16 . O Comando Cibernético do Exército dos EUA e Segundo Exército lançaram o programa piloto Silicon Valley Innovation e participaram do programa Hacking4Defense , da Universidade Stanford17 . O programa Connect and Develop , da empresa Proctor and Gamble , oferece um exemplo proveniente da indústria . Esse programa permite que a empresa colabore com organizações e indivíduos ao redor do mundo para buscar , sistematicamente , tecnologias , embalagens e produtos que ela possa aprimorar , aumentar em escala e comercializar por conta própria ou com outras empresas18 .
O caráter mutável do ciberespaço e a alta rotatividade de tecnologia e práticas requerem uma força cibernética flexível e adaptável . À medida que o Exército dos EUA lidar com os desafios operacionais atuais e futuros , o papel das Op Ciber aumentará em todos os níveis da guerra . O ciberespaço está se tornando indissociavelmente ligado à superioridade no domínio terrestre . Conforme evidenciado na Ucrânia , as aplicações táticas dos efeitos cibernéticos passarão a ser regra , com a integração de capacidades cibernéticas à manobra e ao Comando de Missão . Precisamos aprender com os conflitos em curso , que destacam os novos desafios das Op Ciber , Op Info e GE . É preciso , então , aplicar essas lições em nossas políticas e doutrina e em nossos centros de adestramento para o combate .
Muitos na indústria , junto com McChrystal , aprenderam que a inutilidade de planos estratégicos de cinco anos em ambientes dinâmicos aumenta com a incerteza . Para combater isso , buscam uma vantagem adaptativa . Unidades como a 780 ª Brigada de Inteligência Militar e a Brigada de Proteção Cibernética do Exército dos EUA — em que equipes estão na vanguarda de nossas Op Ciber em curso — já estão obtendo avanços . Sua contínua integração em rodízios nos centros de adestramento para o combate permite que equipes cibernéticas efetuem mudanças enquanto conduzem experiências rapidamente , não apenas com equipamentos e serviços , mas também com modelos , processos e estratégias .
A fabricação da ferramenta “ fuzil cibernético ” demonstra que indivíduos com autonomia de decisão que trabalhem cooperativamente encontrarão soluções adaptáveis para problemas operacionais . Os comandantes precisam estabelecer uma rede de sistemas e processos que facilite a criatividade dessas inovações rápidas , pois elas levam à adaptação . Estar preparado para a adaptação é a maneira pela qual tiraremos proveito das características emergentes do ciberespaço . Equipes cibernéticas com autonomia de decisão são a solução para nos adaptarmos a esse desafio operacional .
Conclusão
A crescente interseção entre ambientes informacionais e operacionais requer que o Exército dos EUA repense como abordará a inovação para enfrentar seus desafios operacionais . Os paradigmas estão mudando . A futura superioridade no domínio terrestre depende , em grande medida , de nosso sucesso nas Op Ciber . Para assegurá-la , comandantes devem priorizar a inovação e criar as condições em que ela possa desenvolver-se . O Exército dos EUA deve reformular o modo pelo qual explora inovações externas , ao mesmo tempo que incentiva a promessa de seus inovadores internos . Deve efetuar essas mudanças para que permaneçamos relevantes e prontos para enfrentar nossos adversários tanto em terra quanto no ambiente cibernético .
O General de Divisão Edward C . Cardon , do Exército dos EUA , é o Comandante do Comando Cibernético do Exército dos EUA e Segundo Exército . É bacharel pela Academia Militar de West Point e mestre pelo National War College e pelo U . S . Naval Command and Staff College . Serviu , anteriormente , como Comandante da 2 ª Divisão de Infantaria ; Subcomandante do U . S . Army Command and General Staff College ; e Subcomandante ( logística ) da 3 ª Divisão de Infantaria .
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