Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 57

AERONAVE DO EXÉRCITO seja executado por aeronaves projetadas, primordialmente, para outras missões. Esse não é, de modo algum, um fenômeno recente. Desde o advento do jato, a Força Aérea se comprometeu com o conceito de aeronaves de múltiplo emprego (Multirole Aircraft — MRA). Focalizados na tecnologia como um fim, e não como um meio, os programas da Força Aérea dos EUA vaticinam, constantemente, que novas tecnologias reduzirão quaisquer lacunas de capacidade. Contudo, as MRA exemplificam (Foto do Cabo Brett Clashman, Força Aérea dos EUA ) as características negativas do Um A-10 Thunderbolt II da U.S. Air Force Weapons School dispara um míssil AGM-65 Madesign de equipamentos militares verick durante uma missão de adestramento em apoio aéreo aproximado sobre o Campo norte-americanos ao apresentarem de Teste e Treinamento de Nevada, Base Aérea de Nellis, 23 Set 11. Os cortes orçamentáuma elevada relação custo-capacirios ameaçaram cancelar o programa do A-10 Thunderbolt II. dade e um baixo desempenho geral de missões vitais. Costumam ser missões relacionadas diminui o desempenho em todas maiores que o necessário, excessivamente complexas e elas, independentemente de quantos recursos impresde alto custo. Em suma, quando se tenta fazer tudo bem sionantes de tecnologia seus projetistas coloquem na feito, algumas coisas acabam saindo errado. O resultado aeronave. As MRA podem causar uma boa impressão é o desperdício de tempo, esforço e dinheiro na busca em briefings, mas projetá-las para empregos múltiplos e de milagres que resolvam tudo. quase separados desde o início resulta, inevitavelmente, Além disso, as aeronaves de múltiplo emprego e alta em aeronaves com um fraco desempenho. Além disso, tecnologia custam, invariavelmente, mais do que as que tripulações adestradas para diversas missões inevielas visam a substituir. Apesar de projeções de baixo tavelmente executarão algumas melhor que outras. custo e economia devido a avanços tecnológicos, as Considerando as preferências históricas e institucionais aeronaves conjuntas/MRA quase sempre custam mais, da Força Aérea dos EUA, assim como suas missões fazem menos e resultam na aquisição de um número mais amplas, o apoio aéreo aproximado fornecido ao menor do que o originalmente previsto7. O resultado, Exército sofrerá em termos qualitativos e quantitativos. muitas vezes, são “elefantes brancos de alta tecnologia Essa situação continuará a agravar-se, à medida que caros e frágeis”, que só apresentam melhor desempenho as pressões advindas de cortes orçamentários, dos custos em circunstâncias como às dos testes, diferentes e não crescentes das aeronaves e da necessidade de substituir representativas dos ambientes de combate8. aeronaves mais antigas coincidirem. Aeronaves como O F-35 representa a versão atual desse processo. Os o F-16 e o F-15 estão chegando, rapidamente, ao fim críticos alegam que ele apresenta um custo excessivade sua vida útil, obrigando a Força a colocar o F-35 em mente alto e não pode suplantar o apoio aéreo aprooperação, independentemente de seus problemas9. Esses ximado de um A-10 Thunderbolt II. Seus defensores fatos colocam o Exército dos EUA em uma posição sustentam que ele não é um substituto para o A-10 difícil: necessitando do apoio aéreo aproximado sem ter Thunderbolt II, mas pode desempenhar várias missões a capacidade orgânica, ao mesmo tempo que depende de — incluindo a interdição contra sistemas integrados de outra Força Singular para desempenhar a missão com defesa antiaérea com tecnologia de ponta e o combate aeronaves projetadas para outras finalidades. ar-ar —, todas igualmente bem. O que esses defensoO custo da aeronave deve ser mensurado em relares do F-35 não entendem é que a combinação dessas ção à sua capacidade e à quantidade produzida. Algo MILITARY REVIEW  Quarto Trimestre 2016 55