Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 56

Um efetivo apoio aéreo aproximado ( CAS , na sigla em inglês ) depende da estreita cooperação entre unidades terrestres e aéreas , com base no entendimento mútuo e na proximidade , assim como no adestramento do piloto e nas características da aeronave . Apesar de repetidas previsões quanto à primazia unilateral do poder aéreo por muitos teóricos a partir da Primeira Guerra Mundial , as equipes ar-terra continuam a constituir o emprego mais efetivo de poder militar . A tecnologia , especificamente as armas de precisão e a furtividade ( stealth ), pode ter alterado a condução de campanhas aéreas , mas não “ ocasionou a revolução frequentemente proclamada por muitos defensores do poder aéreo ” 1 .

A doutrina do Exército dos Estados Unidos da América ( EUA ) reflete isso na Publicação de Referência Doutrinária 3-0 , Operações Terrestres Unificadas ( ADRP 3-0 , Unified Land Operations ) 2 . Significativamente , o Manual de Campanha 3-90.6 , Brigada de Combate ( FM 3-90.6 , Brigade Combat Team — BCT ), que descreve o emprego das unidades básicas de combate do Exército dos EUA , descreve o apoio aéreo aproximado como um requisito da Força : “[ As BCT ] cumprem suas missões por meio da integração das ações de elementos de manobra , artilharia de campanha , aviação , engenharia , defesa antiaérea e antimísseis , apoio aéreo aproximado e fogo naval ” 3 .
Em Defesa de um Apoio Aéreo Aproximado Orgânico para o Exército
Ainda que seus helicópteros orgânicos sejam fundamentais para as operações , o Exército precisa do apoio aéreo aproximado , ou seja , aeronaves de asa fixa , para desempenhar seu papel principal . Portanto , diante do esforço concentrado da Força Aérea dos EUA em
( Imagem cedida por Wikimedia Commons )
Um caça-bombardeiro F4U-4B Corsair do CFN dos EUA recebe uma última vistoria de seu armamento de bombas e foguetes de 5 polegadas antes de ser lançado do USS Sicily ( CVE-118 ) para um ataque contra as forças inimigas na Coreia no outono de 1950 .
reduzir o apoio aéreo aproximado para atender a outras prioridades orçamentárias e considerando o fato de que ele é vital para a manobra de armas combinadas , o Exército deve proteger suas necessidades nessa área por meio do desenvolvimento de seus próprios meios orgânicos para reforçar o apoio aéreo aproximado da Força Aérea dos EUA .
Enquanto o Exército dos EUA considera o apoio aéreo aproximado algo vital para suas operações de armas combinadas , a Força Aérea dos EUA o enxerga como uma missão de alto risco e pouco benefício . Esse risco “ constitui , muitas vezes , um preço dúbio pelos danos infligidos , o que faz a interdição , pelo prisma da Força Aérea , parecer mais proveitosa que o apoio aproximado ” 4 . A ambivalência da Força Aérea dos EUA em relação ao apoio aéreo aproximado gira em torno de preocupações quanto à “ eficácia de empregar valiosas sortidas aéreas contra objetivos dispersos próximos ou misturados a tropas amigas , onde haja um grande risco de fratricídio ” 5 . Essa ótica permeia a Força Aérea dos EUA desde os anos 30 , quando a Air Corps Tactical School ( Escola Tática do Corpo de Aviação ) criou e promoveu um foco institucional no bombardeio e na interdição — ambos os quais exigiam uma força aérea independente .
Esse foco institucional foi reforçado após a Segunda Guerra Mundial , quando a Força Aérea dos EUA se tornou uma Força separada , sendo consolidado pelo Acordo Johnson-McConnell , de 1966 , que conferiu ao Exército controle sobre os helicópteros táticos , enquanto a Força Aérea detinha todas as aeronaves de ataque de asa fixa6 . Assim , o Exército dos EUA hoje depende quase exclusivamente da Força Aérea para o apoio aéreo aproximado de asa fixa .
Contudo , a utilização de meios não orgânicos para funções essenciais viola o princípio da unidade de comando , fazendo com que o apoio aéreo aproximado
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