Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 21
ARTE NÃO CONVENCIONAL
Capacidades
interagências
Capacidades de operações
especiais emergentes do
Exército dos EUA
Competição por
influência baseada
no Estado
Guerra política
Competência central das
forças convencionais do
Exército dos EUA
Competência central
das forças de
operações especiais do
Exército dos EUA
Guerra não convencional,
contraterrorismo e
contraproliferação
Gama de ações
diplomáticas e políticas
Contrainsurgência, assistência às forças
de segurança e defesa interna no exterior
Manobra de armas combinadas
Gama tradicional de
operações militares
Figura – Espectro dos Conflitos de um Livro Branco do Comando de
Operações Especiais do Exército dos EUA (Modificado)
perspectivas culturais sobre a guerra podem ser comparadas à forma pela qual determinadas obras clássicas da
arte chinesa consideram o espaço negativo.
Conflitos Nebulosos são como o
Espaço Negativo
Mao Tsé-tung, líder chinês do século XX, descreveu a guerra como “política com derramamento de
sangue”11. Da mesma forma, Dau Tranh, a estratégia
militar vietnamita do final do século XX, buscou
unificar a guerra e a política como formas diferentes da
mesma luta, que operavam em consonância uma com
a outra12. Essas abordagens em relação à guerra, que
cumpriam seus objetivos políticos, operavam na área
indefinida entre luta política e conflito armado. Uma
possível razão para que essas culturas do Leste Asiático
não definam a guerra de uma forma tão restrita quanto
as culturas ocidentais é que, nelas, as pessoas costumam
se sentir mais à vontade com o espaço negativo.
O espaço negativo, em termos artísticos, significa
o espaço que não é consumido pelo tema principal
de uma obra de arte visual13. No Ocidente, o espaço
negativo representa um dilema para o artista. Deve
preenchê-lo com conteúdo ou deixá-lo vazio? Os vieses
culturais na tradicional arte visual ocidental normalmente induzem o artista a ocupar o espaço negativo com algo substancial. Por exemplo, Rembrandt
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preencheu o espaço negativo no fundo de O Retorno
do Filho Pródigo com tons mais escuros de objetos na
sombra. O sombreado é tão escuro que os objetos são
quase imperceptíveis.
Em contrapartida, segundo Seong-heui Kim, a
arte visual tradicional do Leste Asiático celebra o
vazio do espaço negativo não como se carecesse de
conteúdo, mas como se fosse “a forma latente antes da realização e [...] a potencialidade de toda a
existência”14. Por exemplo, Kim descreve como a
“potencialidade” no espaço negativo pode ser vista na
pintura de paisagem O Começo da Primavera, de Guo
Xi, concluída no ano de 1072, em que, no primeiro,
segundo e terceiro planos, os traços da montanha
são representados de maneira implícita. O fundo é
deixado sem objetos ou sombras.
Kim também explica como, na obra Pegas e Lebre,
de Cui Bai, o espaço negativo, ou vazio, e o espaço positivo, ou conteúdo, se confrontam ao mesmo tempo que
coexistem em união com o universo como Chi (energia
vital, espírito ou força natural). Os artistas do Leste
Asiático também expressam “o intercâmbio e a vitalidade de [Chi]”15. De uma perspectiva filosófica, Chi é
um “fenômeno biológico revelado no campo de intercâmbio de experiência entre nosso corpo e o mundo”16.
Para representar o movimento de Chi, a arte do Leste
Asiático enfatiza a mecânica da “linha”17. A mecânica
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