Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 13
OCUPAÇÃO MILITAR
— CENTCOM), por
exemplo, o começo
promissor de tal planejamento não teve continuidade10. Em consequência,
poucas iniciativas, como a
criação de uma reserva de
especialistas regionais por
meio da instrução formal,
para servirem como
líderes em uma possível
ocupação — como havia
sido feito em preparação
para lidar com o final da
Segunda Guerra Mundial
— foram instituídas. Em
(Foto de 2º Sgt Russell Bassett, 115º Dst Mv Com Soc)
suma, não houve um esA
Guarda
Nacional
do
Estado
de
Oregon
e
a
Força
Terrestre
de
Autodefesa
do Japão prestam
forço real semelhante para
continência às bandeiras norte-americana e japonesa durante a cerimônia de abertura do Exercício
considerar e preparar-se
Orient Shield 2007, em 09 Out 06, na Área de Manobra de Sekiyama, em Honshu, no Japão. O Japão
para a ocupação do Iraque despontou como um dos aliados mais importantes dos EUA. Contudo, isso ocorreu por uma questão
de conveniência da política de defesa e não por planejamento dos EUA.
antes de sua invasão.
Isso ocorreu apesar do
fato de que, diferentemente do caso na Segunda Guerra Conclusão
Mundial, já existia, antes da invasão do Iraque, uma
Embora a ocupação norte-americana do Japão
organização para coordenar as políticas interagências:
tenha sido generosa e construtiva em relação ao povo
o Conselho de Segurança Nacional. Entretanto, no final japonês, seus êxitos advieram, na maior parte, das cadas contas, esse órgão não foi empregado tão efetivaracterísticas formativas socioculturais daquela populamente como o SWNCC havia sido para coordenar as
ção, conforme amplamente relatado na história daquele
políticas de ocupação por todos os setores do governo.
país, e dos consequentes esforços dos próprios japonePor fim, da mesma forma que Roosevelt e outros
ses. Antes da Segunda Guerra Mundial, o Japão era um
queriam civis no controle dos territórios ocupados, o
país desenvolvido em rumo de uma modernização, que,
governo Bush pensava o mesmo em relação à ocupação
durante quase duas décadas a partir do início do século
do Iraque. A diferença foi que Roosevelt foi, finalmenXX, caiu, tragicamente, nas mãos de líderes radicais e
te, persuadido de que só as Forças Armadas tinham a
militaristas, que levaram o Japão para o que os japonecapacidade física e a necessária estrutura do comando e
ses chamam, desde então, de “Vale Escuro”.
controle para assumir a infinidade de tarefas envolvidas
Após esses militaristas serem derrotados e ficarem
em ocupações11. Em contrapartida, o governo Bush não desacreditados, o Japão foi capaz de tirar proveito de
alcançou esse entendimento. Embora houvesse sido
uma burocracia japonesa debilitada, mas preparada e
encarregado, o Departamento de Defesa respondeu
capaz, em todos os níveis; de uma mão de obra instruíorganizando a CPA (e o ORHA antes disso), sem haver da e motivada; e de um ambiente internacional favoráestabelecido uma cadeia de comando bem definida e
vel, para produzir o “milagre econômico” japonês, tanto
sem responsabilidades especificamente delineadas ou
durante quanto depois da ocupação.
autoridades para cobrar responsabilidade. Em conseEsses fatores não existiam no Iraque. Não era
quência, a ocupação continuou a ser uma miscelânea
um país plenamente desenvolvido e industrializado
de organizações fracamente interligadas, sem nenhum
antes da ditadura de Hussein, e a infraestrutura que
comando e com pouco controle durante toda a sua
tinha, por exemplo, foi devastada pelas guerras por ele
breve existência.
travadas, por sua negligência e, por fim, pelas sanções
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