Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Página 105
IDIOMA ESTRANGEIRO
bolsistas da Fundação Olmsted. Até a presente data, 620
bolsistas já concluíram, estão cursando ou se preparando para dois anos de estudo no exterior. Cursaram
programas em 40 idiomas em mais de 200 universidades
estrangeiras em 60 países do mundo8.
O Estudo de História
A história não se sai muito melhor que os idiomas
estrangeiros em termos de como as Forças Armadas dos
EUA preparam os oficiais. O estudo sério de história se
definha nas supostamente empoeiradas e áridas esferas
acadêmicas. É algo que um indivíduo busca por um capricho e não, como nas palavras de Winston Churchill,
“para ir ao fundo da questão” para seu próprio entendimento9. Vale ponderar os versos cheios de admiração de
Rudyard Kipling com respeito aos guerreiros tribais que
atacaram as tropas de Infantaria britânicas durante a
campanha de 1898-1899 no Sudão. As armas utilizadas
pelos militares profissionais britânicos contra os combatentes irregulares nativos incluíam fuzis Martini-Henry
— uma tecnologia avançada para a época. Não obstante,
o vigoroso ataque envergonhou os britânicos ao romper
sua formação de infantaria, conhecida como quadrado:
We sloshed you with Martinis, an’ it wasn’t ‘ardly fair; / But for all the odds agin’ you [...] you
broke the [British] square.10
[Tradução livre: Nós lhes salpicamos com fuzis Martinis e estava longe de
ser justo/Mas contra todas as previsões [...] vocês romperam o quadrado
[britânico].]
Isso levanta uma outra questão: e quanto ao inimigo que não jogue limpo ou que talvez invente um novo
conjunto de regras? Os norte-americanos às vezes se
esquecem de como um pequeno grupo de combatentes
revolucionários resistiram a duas ondas de tropas britânicas em Bunker Hill, em 17 de junho de 177511. Os
comandantes britânicos entraram em combate convictos de sua superioridade, e o custo de sua vitória sobre
milícias amadoras ficou acima de mil baixas, incluindo
muitos oficiais.
Quais são as premissas dos comandantes norte-americanos em relação aos seus inimigos? Os
norte-americanos talvez imaginem que sua superioridade sobre os inimigos consiste em sua primazia tecnológica — que é transitória. Permitam-me sugerir que os
norte-americanos também têm se deixado levar pela
arrogância gerada pela suposta superioridade das forças
armadas profissionais, como os britânicos no Sudão
MILITARY REVIEW Quarto Trimestre 2016
ou em Bunker Hill. O “quadrado” norte-americano
foi rompido mais de uma vez desde o fim da Segunda
Guerra Mundial.
O conhecimento e proficiência linguísticos aliados a
uma profunda compreensão histórica fomentam a coerência estratégica. Ajudam a conferir um certo entendimento
universal sobre as queixas, motivações e prováveis ações
humanas. Deixemos de lado, por ora, o ensino profissional militar, embora seja importante, incluindo as escolas
militares superiores. Consideremos programas como o
da Fundação Olmsted, oferecido a oficiais intermediários
e subalternos. Pensemos em termos mais gerais, como
a Stanford University, Johns Hopkins University, Naval
Postgraduate School, Georgetown University e outras instituições, que preparam os oficiais para os atuais desafios
diante da nação e para as incógnitas do futuro.
O estudo inadequado prejudicou as operações militares no passado. Como observou o Primeiro Lorde do
Almirantado Winston Churchill em relação à Marinha
Real às vésperas da Primeira Guerra Mundial:
Não estava quieta por estar absorta em
reflexão e estudo, mas por estar sobrecarregada por sua rotina diária e por sua técnica
cada vez mais complicada e diversificada.
Tínhamos administradores competentes,
especialistas brilhantes em todas as áreas,
navegadores inigualáveis, bons disciplinadores,
grandes oficiais de marinha, corações valentes
e dedicados; entretanto, no final do conflito,
tínhamos mais comandantes de navios que
comandantes guerreiros12.
A propósito dessas palavras, um estudo de 2015
sobre as deficiências da Marinha dos EUA, Navy
Strategy Development: Strategy in the 21st Century
(“Desenvolvimento de Estratégia da Marinha: Estratégia
no Século XXI”, em tradução livre), ecoa as preocupações
de Churchill de mais de um século atrás. O estudo afirma
que a Marinha dos EUA “dá pouca ênfase institucional
ao desenvolvimento educacional e intelectual de seus
oficiais além das questões operacionais”13.
A Compreensão da Natureza
Humana
Nossos comandantes de guerra precisam estar
absortos na reflexão e no estudo que só podem resultar
da educação avançada. O domínio de idiomas deve
advir da imersão cultural. O curso Rosetta Stone e até
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