Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 100

Idioma Estrangeiro e História O Estudo Esclarecido da Guerra Cel (Res) John C. McKay, Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA Os maiores líderes precisam ser educados de maneira abrangente. —Gen Bda George H. Olmsted, Exército dos EUA H á 38 anos, quando era um capitão de Infantaria com experiência de combate e um recente bolsista da Fundação Olmsted fluente em espanhol, fui orientado por um respeitado oficial mais antigo, reconhecido por sua bravura e tido em grande estima. Havia servido sob seu comando durante a guerra e o faria mais uma vez em tempo de paz. Era um profissional completo e um cavalheiro de primeira linha. O oficial me informou, sem meias palavras, que cursar o mestrado na Georgetown University em Washington D.C. durante meu tempo livre ao mesmo tempo que cumpria tarefas exigentes no Quartel-General do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) dos Estados Unidos da América (EUA) era um desperdício de tempo. Nos anos 70, o CFN não permitia que, ao retornarem, os bolsistas da Fundação Olmsted cursassem o mestrado em serviço. Não obstante, meus estudos foram custeados pela Fundação Olmsted e pelos benefícios educacionais conferidos pela legislação conhecida como GI Bill. Nos anos 70, a cultura militar norte-americana costumava desvalorizar os estudos de pós-graduação. Hoje em dia, não se pode tratar uma formação avançada e sofisticada como um detalhe supérfluo e meramente desejável para o quadro de oficiais. Ao longo de toda a história, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse — Peste, Guerra, Fome e Morte — têm cavalgado lado a lado causando o sofrimento humano e mudanças políticas. Dos quatro, a Guerra ainda 98 monta um lustroso corcel, alimentado por muitos dos avanços que enfraqueceram seus companheiros. O “cavalo da Guerra” ainda mantém o poder de causar uma longa sombra. O formato de seu cabresto e freio deve tornar-se uma das principais preocupações — se não a principal — dos dirigentes políticos, oficiais militares e eruditos. Essa preocupação deve tomar a forma de estudos profundos. O estudo das causas da guerra, ao contrário de seu curso ou condução, é um fenômeno moderno que remonta apenas ao Iluminismo. A crescente atenção que a oficialidade tem dado ao tema é ainda mais recente — relacionada não apenas com um sentido de horror em relação aos fracassos militares do século passado, mas também como assunto de interesse das ciências políticas e sociais. Um autor afirma que estudar a guerra é um pouco semelhante a estudar economia1. Os acadêmicos ocidentais obtiveram alguns avanços em dominar as complexidades da economia, mas não tanto com respeito ao estudo da guerra e como preservar a paz. Com efeito, nos EUA, foi só a partir do despontar da era nuclear que o estudo da guerra e da paz aproximou-se do grau de atenção intelectual dedicado à análise econômica. É importante dizer que a atual incidência de guerras, a real situação de seu efetivo estudo, as potências em ascensão do Extremo Oriente e as ações da Rússia sugerem concentrar a atenção intelectual no estudo da guerra. Além disso, cabe às Forças Armadas criar e assegurar um abrangente estudo da guerra. Esse estudo é obtido apenas por meio de uma educação avançada que inclua idiomas e história, a fim de lidar com a dinâmica do comportamento social e humano. Quarto Trimestre 2016  MILITARY REVIEW