Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 54

criteriosas foram efetuadas ao longo de sua história, sempre que a experiência demonstrou, claramente, as vantagens de modificações […] Exige-se que o cadete considere “dever como a palavra mais nobre do idioma” […] Assim, quanto à questão da disciplina, concluímos: que as regras da escola, consideradas de forma abstrata (seus objetivos e métodos); que os professores e oficiais em serviço na instituição (seu caráter, formação, habilidades e lealdade); e que os resultados dos regulamentos conforme aplicados (demonstrados no desenvolvimento físico, moral e mental do cadete) são todos dignos de louvor pelo Conselho de Administração4. De fato, uma observação importante nesse trecho é que foram efetuadas modificações apropriadas “ao longo de sua história”, para melhorar a forma pela qual a Academia Militar de West Point instrui os cadetes. Contudo, foi somente em 1947 que o então diretor, General Maxwell D. Taylor, confirmou, explicitamente, que a missão da Academia Militar dos EUA é formar o caráter e os atributos pessoais essenciais a um oficial5. West Point só incluiu, oficialmente, o “caráter” em sua missão em 1957 — ou seja, dez anos depois6. Atualmente, o Centro de Ética Profissional Militar William E. Simon, da Academia Militar de West Point, descreve e ensina a ética do Exército aos cadetes. Na Academia da Força Aérea dos EUA, essa função é desempenhada pelo Centro de Desenvolvimento de Caráter e Liderança e, na Academia Militar da Marinha, em Anápolis, o Centro de Liderança Ética Vice-Almirante James Stockdale apoia essa missão. Cada academia tem um programa formal, concebido para preparar comandantes confiáveis (veja, por exemplo, a Circular 1-101, da Academia Militar dos EUA)7. Esses programas se destinam a formar, instruir e inspirar cadetes e aspirantes a adotar a ética profissional militar de sua Força Singular e das Forças Armadas em geral. Assim, o desenvolvimento de liderança e caráter ocorre no âmbito dos programas acadêmicos, militares e atléticos de cada instituição (incluindo 52 atividades extracurriculares). Esse conceito de desenvolvimento reconhece que as pessoas se desenvolvem, simultaneamente, em várias dimensões, à medida que vão concluindo as atividades que fazem parte da experiência dos quatro anos de curso nas academias militares. Da mesma forma, esse conceito se aplica ao ROTC e OCS, embora seus programas tenham uma concepção e duração diferentes. ...os códigos ou conceitos de honra são padrões mínimos de uma conduta ética aceitável. Ao término do programa de uma das fontes de formação de oficiais, os cadetes e aspirantes terão desenvolvido seu caráter, competência e compromisso, tornando-se oficiais confiáveis. Assim, três princípios devem refletir-se na formulação dos programas de formação nas academias militares, ROTC e OCS. O caráter é multidimensional. É a nossa verdadeira natureza: valores, virtudes, ética, moralidade (consciência), identidade, estética, etc. O caráter, a competência e o compromisso podem e devem ser desenvolvidos simultaneamente — da mesma maneira e ao mesmo tempo. O oficialato envolve uma liderança transformadora e a ação de decidir baseada em valores (evitando uma ênfase excessiva na liderança transacional, consequências e no processo decisório • • • baseado em regras)8. Com essa base, pode-se argumentar que o sentido de honra em cada academia, definido como viver segundo os preceitos de um código ou conceito de honra, é indevidamente limitado. Tradicionalmente, as violações da honra eram a única “falha de caráter” para a qual a punição-padrão era a expulsão (ou afastamento)9. Essa observação não sugere que os códigos ou conceitos de honra sejam desnecessários. Ao contrário, são necessários, mas insuficientes. Assim, os códigos ou conceitos de honra são padrões mínimos de uma conduta ética aceitável. Março-Abril 2014 • Military Review