Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 47

adestrar para fracassar muitos dos recursos de treinamento são flexíveis e apenas precisam de um ajuste sistêmico. Por “sistêmico”, entendo que a filosofia geral de adestramento do Exército precisa se transformar para rejeitar o simulacro de adestramento e adotar a simulação onde for plausível40. Quando se altera a filosofia como um todo, gera-se transformação sistêmica no ambiente de treinamento. Isso é o oposto de uma abordagem sistemática, em que organizações ou seções fazem mudanças pontuais enquanto a lógica geral que governa o comportamento do sistema permanece inalterada41. Atualmente, nosso sistema de instrução e adestramento depende de uma mudança sistemática, que não pode nos curar de nosso simulacro. Portanto, ajustes individuais na doutrina, modificações em uma escola ou ajustes em um centro de instrução não afetará o simulacro geral de nossa abordagem atual de adestramento. Continuaremos a lutar contra cópias de nós mesmos, conduzindo ações que são dissociadas dos motivos, comportamentos e metodologias adotados por nossos verdadeiros oponentes. A transformação sistêmica requer o desmantelamento de muitos dos princípios, estruturas e conceitos altamente estimados que mantêm uma ilusão de identidade e relevância para o Exército dos EUA42. E essa iniciativa não pode ser individual e sim oriunda da Chefia do Estado-Maior do Exército43. Eu espero alguma controvérsia sobre a tese deste artigo caso alguém confunda a relação entre efeitos e motivos. Como enfatizei ao longo do trabalho, nossos instrutores, forças oponentes e pessoal de apoio desempenham um trabalho notável, mesmo à custa de uma filosofia de treinamento ineficiente. Atualmente, a atuação de um homem-bomba, por exemplo, em um Centro de Adestramento demonstra assinaturas simbólicas aceitas quando esse ataca nossas Unidades. Vestem trajes apropriados, usam acessórios reais e infligem repetidas baixas na Unidade. Este não é o ponto — a distinção entre simulacro e simulação de adestramento recai sobre as razões que motivaram o homem-bomba, por que ele gerou um efeito no treinamento e como a Unidade talvez possa influenciar a transformação daquele ambiente operacional. Military Review • Março-Abril 2014 Eu já controlei incontáveis ataques suicidas de uma força oponente em ambientes de treinamento onde meus subordinados criaram com sucesso o efeito físico desejado. Contudo, quando a Unidade tentava investigar o ataque ou efetuar uma análise para tentar prever ataques futuros, a mesma encontrava simulacro. Os homens-bomba promoviam ataques com base nos planos da força oponente, vinculados aos objetivos rígidos de adestramento, e não refletiam as motivações de um homem-bomba real ou as complexas características do ambiente de conflito. Mesmo que uma Unidade consiga entender o fenômeno que compele os ataques suicidas, não poderá na verdade influenciar o ambiente de treinamento