Inominável Nº 2 | Page 34

Chegados a Dulverton, apanhámos (mais) um choque térmico, e também um choque geográfico: a charming little town publicitada pela rede de autocarros consistia numa rua principal, a que chamam High Street, uma igreja e algumas lojas. É uma vila situada num vale, rodeada de uma bruma romântica, e de uma natureza quase selvagem, onde podemos visitar o Parque Nacional de Exmoor, bastante afamado no distrito, mas infelizmente os nossos pobres pés quase congelados mostraram dolorosos sinais de recusa a essa aventura. Encaminharam-nos, em vez disso, até um restaurante bastante pequeno chamado Mortimer’s, familiar e com uma maravilhosa lareira acesa que devolveu a vida às nossas extremidades dormentes.

Foi então que pude começar a apreciar o que me rodeava: nada mais que uma sala ampla, com mesas bem distribuídas, louceiros de madeira, e prateleiras onde estava armazenada a lenha e exposto algum artesanato para vender. A atender apenas uma jovem mulher, enérgica e borbulhante de alegria, a cantarolar, evidentemente feliz com o seu pequeno e pitoresco negócio. Imensas especialidades da casa, desde os bolos expostos até ao vinho caseiro. Estando acompanhada de um adolescente, claro que tive que provar o hambúrguer feito com especiarias, cebola caramelizada, queijo Brie e salada, tudo bem equilibrado dentro de um pão meio doce, morno e tostado, acompanhado de uma taça bem cheia de batatas fritas inglesas (por dentro são meio cozidas). A entrada foi uma baguette quente, que mergulhávamos em pedaços no azeite temperado com alecrim. Só pela refeição, pelo ambiente humano (onde todos falavam entre si sem olharem para iPhones e afins) e atendimento caloroso, compensou! Despedi-me até à Primavera e, com forças renovadas, fomos conhecer a All Saints Church, que nos proporcionou uma autêntica viagem ao passado, como todas as igrejas aqui.

34