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Nº 7 - Abril 2017

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Esta falta de qualificação podemos encontrá-la também no sector administrativo. Sim, eu sei, isso acontece em todo o lado, mas comparando este país com o nosso, somos de competência extrema. Claro que também já me cruzei com pessoas competentes que me ajudaram, mas no geral, se nós não soubermos exactamente que perguntas fazer e não fizermos a nossa própria pesquisa, podemos dar por nós perdidos na situação que queremos resolver.

O caso mais flagrante, e até preocupante aqui, será mesmo a do sistema de saúde. Os nossos médicos são heróis com as condições que têm para trabalhar, isso vos garanto. Aqui a formação não tem comparação, daí vermos tanto pessoal médico proveniente de outros países, e embora tanta coisa seja gratuita damos por nós a pensar que será preferível pagar uma taxa moderadora e ter um atendimento fiável; quase tudo tem solução com paracetamol e descanso. “Doem-lhe as costas e sente-se a paralisar? Um comprimido e pés para o ar que isso passa!”; “Tem a cara inchada e aparentemente uma grande infecção? Bem... posso dar paracetamol”; “Está grávida e perde sangue? Bem, ponha os pés para o ar e tem que esperar para ter uma consulta no seu centro de saúde, só eles a podem enviar aqui para o hospital”; “Sei que está há quatro horas na sala de espera mas perdemos a sua amostra de urina, vamos fazer tudo de novo”… Todos exemplos reais que testemunhei ou senti na pele aqui! Exames que consideramos básicos para rastreio, cá não são feitos facilmente, temos de estar quase em coma, por assim dizer, para fazerem um Raio-X, passarem um antibiótico, etc.