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Nº 7 - Abril 2017

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Lembro-me de que o meu ponto de entrada para os videojogos de carros foi com exemplares bastante básicos de corridas normais. É evidente que nem me lembro dos nomes deles (acho que um deles tinha um nome estranho tipo Need For Speed ou algo do género). Em verdade digo que nem sempre era eu a jogar. Era-me perfeitamente suficiente simplesmente ficar a ver outra pessoa a divertir-se.

Os tempos passaram, mas não me ajeitava a conduzir como deve ser em ambientes virtuais. Estava sempre a bater com o carro no mais ínfimo detalhe presente na cena e conseguia fazer manobras horríveis que quebravam todas as leis da física, mesmo que dentro de um mundo imaginário.

Alguma alma caridosa (ou alguém tão aselha quanto eu) reparou que poderia haver um mercado para este tipo de pessoas ineptas a conduzir virtualmente. Essa alminha, abençoada seja, decidiu que seria boa ideia criar um videojogo cujo objectivo fosse efectivamente acertar em tudo o que se mexesse.

Os dois melhores exemplos que me vêm à cabeça são o GrandTheft Auto (GTA) e o Carmageddon.

“Ah, já ouvi falar de um GTA… acho que comprei isso para o meu sobrinho… ai, não me lembro qual… foi ao Martim, que o meu outro sobrinho nasceu na Holanda e tem um nome estranho e não sei dizê-lo.”

Compreendo que este pensamento vos possa ter ocorrido. De facto, o GTA é um nome titânicona indústria, que teve origens humildes numa cidade a duas dimensões e cujo personagem controlável era uma mancha de pixéis amarelos. Esse personagem entretinha-se, incitado por nós, a navegar pelas ruas mal desenhadas da cidade a escavacar carros e a destruir propriedade alheia. Era um videojogo violento e tenho a certeza de que muitos sádicos terão pegado num lança-chamas e deitado fogo a carros e a pessoas, para depois chegarem a casa e fazerem o mesmo dentro do jogo.

Mas se falamos de sadismo, temos mesmo de passar ao Carmageddon. Lembro-me de que a primeira vez que vi uma notícia televisiva sobre videojogos em Portugal foi precisamente a falar de jogos como este, não por boas razões, mas enfim.

Introduziram-me ao Carmageddon quando este estava na sua segunda iteração e quando eu estava ainda numa faixa etária… susceptível de ficar emocionalmente afectado. Como referi, já me tinha passado o GTA pelas mãos, mas nada me preparara para o que ia ver.

O Carmageddon é essencialmente mais um jogo de corridas, excepto que podemos completamente ignorar o objectivo de andar às voltas num circuito preconcebido e simplesmente ir chacinar a população local horrorizada. Se isso