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Todos estes programas e movimentos foram não só profundamente influen-ciados por planos carregados de ideais raciais, mas também pelas ideias da antropometria do século XIX (que faziam renascer os ideais clássicos das geometrias perfeitas de Platão, da Proporção Dourada, do Homem de Vitrúvio). David Epstein, no seu livro The Sports Gene, relata-nos como um artigo do final do século XIX sobre as características de um atleta diz que “há uma forma ou um tipo de homem perfeitos (...) e a tendência da raça [i.e. da raça caucasiana] é de atingir esse tipo.”

Os antropometristas também considera-vam que os tipos de corpo estavam distribuídos ao longo de uma curva em forma de sino, e que o topo – a média – era a forma mais perfeita que se podia atingir. Os melhores atletas seriam os que estavam no topo da curva, nem demasiado altos nem baixos, gordos ou magros. E isto aplicava-se a todos os desportos. Em 1925, os jogadores de topo de voleibol, lançamento do peso e salto em altura eram, em média, do mesmo peso e altura. Hoje, um lançador do peso é em média 6,5 cm mais alto e 60 kg mais pesado que um saltador em altura.

O CORPO MÉDIO

O BIG BANG DOS TIPOS DE CORPO

Com o abandono dos ideais raciais e antropométricos, os treinadores e pro-fessores de educação física começaram a procurar outros tipos de corpo e outras habilidades, específicas do seu desporto. E com o aumento da popularidade e remuneração dos desportos, cresceu exponencialmente o número de pessoas que estão no topo do funil. O que vemos, hoje, é que os atletas não estão apenas mais altos e mais fortes do que eram no início do século XX. Comparados com o resto da humanidade, os corredores de fundo, patinadores, mergulhadores e ginastas de elite estão mais pequenos. Apenas nos últimos trinta anos, a média de alturas das ginastas de topo desceu de 1,60 m para 1,45 m. E isto aplica-se também a medidas específicas do corpo: os atletas de polo aquático têm agora o antebraço maior comparado com o resto da população, os halterofilistas mais curtos; Michael Phelps (natação) e Hicham El Guerrouj (meio-fundo) têm 18 cm de diferença em altura, mas têm o mesmo comprimento de pernas – na natação, o comprimento do torso e braços é fundamental, enquanto nas distâncias longas de corrida valoriza-se o comprimento das pernas. As médias de comprimento, peso e medidas de partes específicas do corpo estão muito diferentes do que eram há menos de 100 anos, e dispararam em todas as direcções. A isto se chama o Big Bang dos tipos de corpo.

Com o abandono dos ideais raciais e antropométricos, os treinadores e professores de educação física começaram a procurar outros tipos de corpo e outras habilidades, específicas do seu desporto. E com o aumento da popularidade e remuneração dos desportos, cresceu exponencialmente o número de pessoas que estão no topo do funil. O que vemos, hoje, é que os